Cientistas confirmaram pela primeira vez que o vírus H7N9 vem das galinhas

Tudo indica que o novo vírus da gripe das aves passa efectivamente das galinhas para o ser humano. E por enquanto, nada indica que seja directamente transmissível entre as pessoas.

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Uma galinha espreita pelas grades da gaiola num mercado de aves de capoeira em Pequim (Outubro de 2005) REUTERS/Jason Lee

Uma equipa de cientistas chineses publicou esta quinta-feira, na edição online da revista The Lancet, a primeira confirmação científica de que o vírus H7N9, que emergiu há umas semanas na China, foi transmitido aos doentes humanos por contactos com galinhas vivas à venda nos mercados chineses.

Lanjuan Li, da Universidade de Zhejiang, Kwok-Yung Yuen, da Universidade de Hong Kong, e colegas, compararam o ADN dos vírus H7N9 detectados em amostras de aves - galinhas, pombos, perdizes e patos - provenientes de seis mercados, com o ADN dos vírus H7N9 de quatro doentes. E concluem que as semelhanças genéticas entre o vírus de um dos doentes e o vírus detectado numa das galinhas sugerem que está a verificar-se uma transmissão esporádica do H7N9 das aves de capoeira para os humanos. “No seu conjunto, os resultados, em termos epidemiológicos e virológicos, sugerem que se trata de uma transmissão pura das galinhas para os humanos”, diz Kwok-Yung Yuen num podcast colocado online pela revista médica.

Por outro lado, nenhuma das pessoas que estiveram em contacto com os doentes desenvolveram a doença nos prazo de duas semanas que demora a sua incubação, o que “sugere que o vírus não é actualmente capaz de se transmitir entre humanos”, lê-se num comunicado da Lancet.

O resultado obtido pelos cientistas chineses tem uma implicação importante em termos de saúde pública: é que ainda se trata claramente de uma gripe aviária e que, “portanto, o controlo da epidemia nos humanos vai depender do controlo da epidemia nas aves de capoeira”, salienta Kwok-Yung Yuen.

A melhor estratégia para minimizar as hipóteses de o vírus se tornar uma gripe humana consistiria numa “intervenção agressiva para impedir novas transmissões nos mercados que vendem aves de capoeira vivas", escrevem os cientistas no seu artigo. “Encerramento temporário dos mercados e programas abrangentes de vigilância, abate de animais, reforço da biossegurança, segregação das diferentes espécies de aves de capoeira e possivelmente programas de vacinação para controlar a infecção pelo vírus H7N9 nessas aves parecem necessários para impedir que o vírus evolua para um agente pandémico."

Segundo a Organização Mundial da Saúde, até quinta-feira um total de 109 pessoas adoeceram na China na sequência da infecção pelo H7N9 e 22 sucumbiram à doença. A AFP noticiou na sexta-feira que um caso foi detectado numa quinta província chinesa. Também foi detectado um doente em Taiwan na quinta-feira, mas sabe-se que tinha estado em Xangai (onde surgiram os primeiros casos da doença no fim de Março) nas semanas que antecederam a declaração da sua doença.
 
 
 
 

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