Foi perfeito o primeiro teste da cápsula que um dia levará astronautas mais longe

Ainda sem tripulação, a Orion foi lançada no seu primeiro voo de teste. Deu duas voltas à Terra e caiu no Pacífico. No futuro, poderá levar astronautas a Marte.

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O foguetão partiu depois de uma primeira tentativa que falhou na quinta-feira Steve Nesius/Reuters

Depois da primeira tentativa frustrada na quinta-feira, a cápsula Orion da NASA partiu nesta sexta-feira, às 12h05 (hora de Lisboa), para o seu teste inaugural. Lançada por um foguetão Delta IV de Cabo Canaveral, na Florida, Estados Unidos, a cápsula deu duas voltas à Terra e mergulhou na perfeição, no oceano Pacífico, às 16h29. No futuro, o aparelho poderá levar astronautas até asteróides, à Lua ou mesmo Marte. Mas no seu primeiro voo de testes, esteve vazia por uma questão de segurança.

A janela de tempo para a descolagem era, nesta sexta-feira, de 2h39m, entre as 7h05 e as 9h44 locais (12h05 e 14h44, hora de Lisboa). Na quinta-feira, os ventos fortes e um problema técnico impediram a partida.

Desta vez, o lançamento foi bem-sucedido. O foguetão, o mais potente que existe actualmente no mundo, largou a cápsula no espaço 17 minutos após a partida, para dar duas voltas elípticas à Terra, alcançando uma altitude máxima de 5800 quilómetros.

O aparelho entrou outra vez na atmosfera terrestre a cerca de 30.000 quilómetros por hora – uma velocidade semelhante àquela que a cápsula teria se viesse da Lua, de acordo com a BBC News. E sobreviveu a uma descida alucinante pela atmosfera, aquecendo até aos 2200 graus Celsius, e sofrendo uma força gravitacional oito vezes superior à da Terra.

Nos últimos minutos, foram abertos 11 pára-quedas para desacelerar a descida do aparelho. Os três últimos pára-quedas gigantes abrandaram a velocidade da nave até aos 32 quilómetros por hora, na altura em que mergulhou no mar.

O aparelho caiu a 1014 quilómetros a sudoeste da cidade de San Diego, na Califórnia, Estados Unidos. A viagem durou exactamente 4h24m, exactamente o tempo programado.

Este teste vai servir aos técnicos da agência espacial norte-americana NASA para avaliar o comportamento do escudo térmico da cápsula, os pára-quedas, a electrónica e outro equipamento da cápsula de cinco metros de diâmetro.

Este primeiro voo custou à agência espacial dos EUA 370 milhões de dólares (300 milhões de euros). “É sem dúvida a missão mais importante da NASA feita este ano”, sublinhou William Hill, administrador-adjunto da NASA para o desenvolvimento dos sistemas de exploração. “É verdadeiramente o primeiro passo da nossa viagem até Marte”, disse, citado pela agência AFP.

Esta cápsula pode levar até quatro astronautas para missões até 21 dias. O próximo lançamento está previsto para 2018, por um novo foguetão que está em desenvolvimento. Em 2021, deverá ser feito o primeiro voo tripulado, que poderá ser uma viagem até à órbita da Lua.

A última vez que a humanidade caminhou na Lua foi há 42 anos, em Dezembro de 1972, na missão norte-americana Apolo 17, a última missão Apolo, que três anos antes tinha posto o primeiro homem na Lua, Neil Armstrong. Desde então, nenhuma outra missão pôs seres humanos noutro corpo do sistema solar.

“O amanhecer do Orion”, dizia o locutor da NASA nesta sexta-feira, enquanto um barulho ensurdecedor anunciava a descolagem do foguetão que levava a cápsula pela primeira vez para o espaço. “É uma nova era espacial para os Estados Unidos.”
 

Notícia actualizada às 19h16.

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