Austrália autoriza mina de carvão perto da Grande Barreira de Coral

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No final de Abril deste ano existiam 21 projectos para o desenvolvimento de minas de carvão Tim Wimborne/Reuters

O Governo australiano autorizou nesta quinta-feira a construção de uma mina de carvão e de 495 quilómetros de linha-férrea no estado de Queensland, perto da Grande Barreira de Coral. Para a Greenpeace, é um “desastre ambiental”.

A mina deverá produzir 30 milhões de toneladas de carvão por ano, a partir de 2015, e dar emprego a mil pessoas. Durante a fase de construção, vai envolver 2500 trabalhadores.

O projecto – detido em 79% pelo grupo indiano GVK e em 21% pelo australiano Hancock Coal – prevê ainda a construção de 495 quilómetros de linha-férrea para ligar a mina ao porto de Bowen, no litoral.

Em Maio deste ano, o estado de Queensland deu a sua autorização ao projecto, que vai ser implementado na bacia sedimentar de Galilee e promete dar um novo fôlego às duas cidades da região, Alpha e Jericho.

Agora foi a vez de o Ministério do Ambiente australiano dar a luz verde ao projecto mineiro, mediante 19 condições para evitar danos ambientais, especialmente na Grande Barreira de Coral. “A minha aprovação surge depois de um rigoroso processo de avaliação”, disse o ministro Tony Burke, em comunicado.

A decisão do ministério deverá estar sob forte escrutínio, especialmente porque a Unesco fez, em Junho deste ano, um ultimato ao Governo de Camberra para que tomasse medidas urgentes de protecção da Grande Barreira de Coral, em risco devido ao boom da indústria mineira e da exploração de gás.

Mas Tony Burke diz estar tranquilo. “Estou satisfeito por termos apresentado as condições necessárias para proteger o ambiente, incluindo a Grande Barreira de Coral”, de ameaças como as poeiras e os efluentes gerados pela exploração da mina, acrescentou.

Entre as exigências de Burke está um plano de gestão para a zona húmida do vale Caley, medidas para ajudar a conservar espécies já ameaçadas, planos para lidar com os potenciais impactos na Grande Barreira de Coral, incluindo nas tartarugas e aves migradoras e a criação de um fundo de dois milhões de dólares australianos para financiar investigação sobre espécies ameaçadas da região. Além disso, os proponentes do projecto deverão ter planos para a reabilitação da vegetação e qualidade da água na zona da mina.

Mas, para a organização ecologista Greenpeace, as condições impostas pelo ministério não são suficientes. No seu entender, esta mina “marca o início da abertura da região a enormes projectos de exploração de carvão” e “acelera a industrialização da Grande Barreira de Coral”, segundo um comunicado publicado em reacção ao “sim” de Tony Burke.

O carvão extraído da mina “será exportado através da Grande Barreira de Coral, trazendo centenas de novos navios e a construção de um enorme porto dentro de uma área designada Património Mundial”. Ainda em Junho, Tony Burke anunciou que a Austrália iria criar a maior rede mundial de áreas marinhas protegidas, inclusive no Mar de Coral, para “ garantir que o ambiente marinho e toda a vida que alberga continuem de boa saúde, férteis e resistentes, para as próximas gerações”.

Para a Greenpeace, este projecto “é um desastre ambiental, que ameaça o nosso recife, o nosso clima e a vida selvagem na região da mina”, que deixará uma cicatriz de 24 quilómetros em zonas agrícolas e de vegetação natural.

Segundo o Governo federal australiano, no final de Abril deste ano existiam 21 projectos para o desenvolvimento de minas de carvão, onze dos quais para o estado de Queensland.

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