Adiado lançamento de robô europeu para Marte

Segunda fase da missão ExoMars estava prevista para 2018, mas atrasos na construção europeia e russa obrigaram agências espaciais a adiar partida para 2020.

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A sonda e o robô da missão ExoMars ESA

O robô europeu que vai caminhar no solo marciano teve a partida adiada. A Agência Espacial Europeia (ESA, sigla em inglês) e a agência russa Roscosmos anunciaram nesta terça-feira que o lançamento do robô ExoMars será feito em 2020 e não em 2018, como estava previsto. A missão tem como objectivo procurar sinais de vida no planeta vermelho. “Tendo em conta os atrasos das actividades industriais e das entregas do equipamento científico, o lançamento [do robô da ExoMars] em 2020 seria a melhor solução”, lê-se num comunicado da ESA desta segunda-feira.

A melhor janela de lançamentos de naves para Marte acontece de 26 em 26 meses, quando a órbita dos dois planetas facilita uma viagem entre eles. Mas o adiamento “era esperado”, como sublinha um artigo da BBC News. A decisão foi tomada pela equipa das duas agências espaciais que esteve em Moscovo a avaliar o andamento dos trabalhos.

O problema “não é só os componentes da nave, são vários dos instrumentos”, refere à BBC Roolf de Groot, responsável pelo Gabinete de Coordenação da Exploração Robótica da ESA. “O que andámos a fazer ultimamente era ver se conseguíamos diminuir o tempo de montagem, da integração e da fase de testes para algo que fosse aceitável em termos dos riscos, mas que permitisse o lançamento em 2018”, explica o responsável. “Muito recentemente concluímos que isso não é possível, a não ser que adicionássemos uma grande quantidade de risco a uma missão já de si arriscada. Por isso, decidimos que a atitude responsável seria adiar a data de lançamento para 2020.”

A missão ExoMars tem sido marcada por sucessivos atrasos desde que foi aprovada pela ESA em 2005. A data inicial de lançamento era para ser em 2011, mas uma série de dificuldades obrigou a ESA a adiar a missão, que esteve até para ser cancelada. A NASA, a agência espacial dos Estados Unidos, chegou a juntar-se à missão, mas acabou por desistir devido a problemas de financiamento. Depois, a Roscosmos entrou no projecto, viabilizando-o a nível financeiro. À ESA a missão ExoMars vai custar 1300 milhões de euros.

O robô faz parte da segunda fase da ExoMars. A 14 de Março último foi lançada a sonda Trace Gas Orbiter e o módulo de aterragem Schiaparelli no foguetão russo Protão-M, que descolou da base espacial de Baikonur, no Cazaquistão. A viagem dura sete meses. A sonda irá investigar a origem e a circulação de gases raros da atmosfera de Marte para tentar perceber se estes gases poderão ser de origem biológica. O módulo tem como principal objectivo demonstrar que a Europa consegue fazer uma aterragem controlada em Marte, algo que até agora só a NASA teve sucesso, já que é muito difícil aterrar naquele planeta.

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