A missão Roseta em dez momentos

Os passos mais importantes de uma viagem de 12 anos no espaço.

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O robô File fotografado pela sonda Roseta durante a descida até ao cometa ESA/Roseta/MPS

2 de Março de 2004
A sonda Roseta mais o robô File às suas cavalitas partem da Terra a bordo do foguetão Ariane, que descola da Guiana Francesa. É o início de uma viagem de uma década pelo nosso sistema solar, numa missão da Agência Espacial Europeia. Destino: o cometa 67P/Churiumov-Gerasimenko.

4 de Março de 2005
A Roseta faz uma passagem perto da Terra para a gravidade do nosso planeta lhe dar um “empurrão” e pô-la na trajectória correcta que permita o encontro entre a sonda e o cometa. Durante a viagem, haverá mais dois destes empurrões gravitacionais da Terra (em 2007 e 2009) e um de Marte (em 2009).

5 de Setembro de 2008
Pelo caminho, ao passar pela cintura de asteróides entre Marte e Júpiter, a Roseta encontra-se com o asteróide 2867 Steins, a apenas 800 quilómetros de distância. As imagens captadas pela Roseta revelam pela primeira vez a forma deste asteróide de cinco quilómetros de diâmetro. Voltará a cruzar-se com outro asteróide, o Lutetia, mas a mais de 3000 quilómetros de distância (ainda assim, dando a ver as suas inúmeras crateras).

8 de Junho de 2011
A Roseta entra num período de hibernação, que durará mais de dois anos e meio. Sem este período de “bela adormecida”, em que os seus sistemas estão praticamente desligados, a sonda não teria energia suficiente, uma vez que se estava a afastar muito do Sol e os seus painéis solares não receberiam luz que chegasse para a alimentar.

19 de Janeiro de 2014
O despertador interno da Roseta acorda-a. E ela telefona para casa. Está bem de saúde, tendo sobrevivido à viagem pelo sistema solar durante o tempo em que esteve silenciosa.

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Ilustração da sonda Roseta ESA/CNES

6 de Agosto de 2014
Finalmente, ao fim de uma década, o encontro tão desejado, entre ela, a Roseta, e ele, o cometa. E de longe, a cerca de 540 milhões de quilómetros do Sol, numa órbita entre Júpiter e Marte, chegam-nos então imagens do 67P/Churiumov-Gerasimenko. A sua forma é surpreendente: parece que dois bocados de gelo e poeiras ficaram colados um ao outro e, nesse ponto de união, há uma zona mais fininha.

12 de Novembro de 2014
O momento alto da missão chega por fim: o robô File desprende-se da Roseta e inicia a descida, ao compasso apenas da gravidade do cometa. É um momento histórico, uma proeza digna dessa designação: nunca antes um engenho humano tinha pousado num cometa. Ainda que com alguns percalços – o File não conseguiu prender-se à superfície do cometa com uns arpões e ressaltou algumas vezes, indo parar a uma zona com pouca luz solar. Mesmo assim, numa corrida contra o tempo até ficar sem energia, o File conseguiu fazer ciência durante quase 60 horas e enviar os dados recolhidos por vários instrumentos científicos para a Roseta, em órbita do cometa, e ela para nós. Depois, o File adormeceu.

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Ilustração do robô File na superfície do cometa ESA/MEDIALAB

13 de Junho de 2015
O File acorda. À medida que viajava pelo sistema solar, o cometa foi-se aproximando mais do Sol. Essa energia permitiu que o robô despertasse. “Olá Terra! Conseguem ouvir-me?”, lia-se na conta do Twitter do File. Várias pessoas responderam logo: “Ouvimos-te alto e a bom som.” Mas este regresso seria apenas por algum tempo. É o adeus do File.

13 de Agosto de 2015
O cometa e o Sol atingem a proximidade máxima, ficando ambos a 186 milhões de quilómetros um do outro. Essa aproximação tem efeitos na superfície do cometa, que regista grande actividade, libertando para o espaço materiais que vem a preservar desde o início da formação do sistema solar, há 4600 milhões de anos. A partir desta data, o cometa e o Sol voltam a afastar-se e, a certa altura, o 67P/Churiumov-Gerasimenko será um corpo gelado sem actividade.

30 de Setembro de 2016
Chega o momento da despedida final: depois de um namoro de dois anos, a Roseta vai descer, também ela, no cometa. E, com isso, recolher ainda mais dados científicos. Nunca tínhamos visto assim um cometa, com as suas rugosidades na superfície, com as suas falésias.

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