A cada 100 anos, o dia aumenta dois milésimos de segundo

O estudo apresentado esta quarta-feira refere que a velocidade de rotação da Terra é afectada pela força gravitacional da Lua e por fenómenos climatéricos.

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O processo é explicado pela diminuição da velocidade de rotação do planeta AFP/JOHN MACDOUGALL

A duração de um dia é medida através da rotação da Terra sobre si própria, mas uma compilação de quase 3000 anos em dados celestes concluiu que a Terra está a rodar mais devagar e, consequentemente, os dias estão a tornar-se mais longos.

Quem espera que o dia ofereça mais tempo não irá notar a diferença. Contas feitas, a este ritmo, para que o dia tenha mais uma hora serão precisos dois milhões de séculos. "É um processo muito lento", explica Leslie Morrison, astrónomo reformado do Observatório Real Greenwich e co-autor do estudo.

A desaceleração da órbita da Terra é provocada pela força gravitacional da Lua, responsável pelas marés. Ao mesmo tempo, esta alteração tem efeitos na própria Lua, que vê assim a sua órbitra crescer quatro centímetros por ano, acrescenta Morrison.

As conclusões foram reunidas num estudo de investigadores da Universidade de Durham e do Nautical Almanac Office publicado pela Royal Society britânica, esta quarta-feira. O estudo, que reúne dados desde 720 antes de Cristo até 2015, estima que a cada século a duração de um dia aumenta dois milésimos de segundo.

Os registos mais antigos utilizados na investigação incluem textos gregos e chineses, de antigos babilónios, árabes e europeus medievais. Os investigadores compararam as variações de fenómenos celestes durante 2735 anos de registos e calcularam os locais onde estes fenómenos se poderiam observar novamente, caso a rotação permanecesse constante. O estudo comprovou que os locais se alteraram.

Leslie Morrison acrescentou que as estimativas "são aproximadas, porque as forças geofísicas que operam sobre a rotação da Terra não são necessariamente constante durante o tempo". Ainda assim, cita o Guardian, “conseguimos assistir a uma discrepância entre os locais onde se calculam que aconteçam os eclipses e onde eles de facto são observados”. “Quer isto dizer que a rotação da Terra está a alterar”, detalha.

O estudo apresenta ainda uma outra conclusão: a velocidade de rotação da Terra teria diminuído ainda mais se não fosse o processo de contracção nos pólos do planeta. Devido ao aquecimento global e ao descongelamento de massas de gelo, o planeta tornou-se menos achatado nos seus eixos. A alteração da sua forma aumenta a sua velocidade, o que impede que a duração dos dias aumente a um nível mais acelerado. 

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