Rações húmidas para animais são piores para o ambiente do que secas

As rações húmidas, que contêm uma maior percentagem de carne, contribuem oito vezes mais para o aquecimento global, conclui estudo de investigadores brasileiros.

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Nas rações húmidas, 90% das calorias são provenientes de ingredientes de origem animal e, nas secas, 45%. M Burke/Unsplash

Há cães e gatos que gostam mais de ração húmida do que de seca e os donos respeitam. Mas, apesar de ser mais saboroso para eles, nem sempre é o melhor para o planeta. Segundo um novo estudo publicado na revista Scientific Reports, os alimentos húmidos, que contêm maior percentagem de carne, contribuem oito vezes mais para o aquecimento global e resultam numa pegada ecológica do animal igual à do dono, escreve o Guardian.

Os investigadores, sediados no Brasil, analisaram 618 tipos de comida para cão e 320 para gato comercializados pelos três maiores retalhistas do país. Depois de avaliarem os impactos ambientais dos ingredientes, que incluem percentagem de emissões de gases com efeito de estufa, químicos e uso da terra e da água, chegaram à conclusão que as dietas húmidas apresentam valores mais elevados em todos estes aspectos.

Por outro lado, as dietas secas são as que têm menos impacto, enquanto as naturais ou “caseiras” ficam a meio.

A elevada pegada ecológica está relacionada com os níveis de carne das dietas analisadas no estudo. Nas rações húmidas, 90% das calorias são provenientes de ingredientes de origem animal e, nas secas, 45%.

A investigação conclui ainda que um cão com dez quilos que coma cerca de 500 calorias de ração seca por dia resulta em 6541 quilos de emissões de dióxido de carbono por ano, um valor quase igual aos 6690 quilos anuais de um cidadão brasileiro. Por outro lado, se o mesmo cão se alimentar de ração seca, seriam 828 quilos por ano.

De acordo com o estudo, uma das alternativas para minimizar este impacto passa por utilizar proteínas alternativas à carne, como é o caso dos insectos, uma vez que as emissões de dióxido de carbono resultantes da produção destes animais podem ser dez vezes menores do que as da carne.

A produção de 100 quilos de ervilhas, por exemplo, resulta em 0,4 quilos de dióxido de carbono. A mesma quantidade de carne traduz-se em 35 quilos, ou seja, 90 vezes mais.

Cortar o fornecimento de proteína e gordura também ajudaria, uma vez que todas as rações analisadas continham mais percentagens do que os valores recomendados. Para os mais radicais, os investigadores sugerem que optem por dietas veganas para os animais, uma vez que utilizam menos energia, água e terra quando comparadas com as de origem animal.

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