Paulina Chiziane: “No momento da guerra entre o preto e o branco, onde é que fica o mulato?”

O amor, a mulher, a violência, a desigualdade social, a casa, são os protagonistas da literatura de Paulina Chiziane, a moçambicana que denuncia fossos sociais com histórias que conta como à frente da fogueira na sua infância. Orais, livres de amarras de géneros. Pergunta-se muitas vezes o que pode um prémio. No caso de Paulina, a primeira mulher africana a vencer o Camões, retirou-lhe a estranheza, resgatou a obra do esquecimento, deu-lhe leitores. Não foi só o prémio, também foi o seu poder de sedução para falar da liberdade de fazer o que quer.

Foto
NFS Nuno Ferreira Santos - 17 Maio 2022 - PORTUGAL, Lisboa - Entrevista a Paulina Chiziane, escritora mocambicana, Premio Camoes 2021 Nuno Ferreira Santos

No dia em que ganhou a edição de 2021 do Prémio Camões, Paulina Chiziane estava sentada à sombra da sua árvore, no quintal da sua casa na periferia de Maputo, e não escondeu a surpresa nem a alegria. Saiu-lhe uma gargalhada rouca, longa, de boca virada para o céu, como as que deu ao longo desta conversa. Paulina estava então “posta em seu sossego”, como diz agora, noutro dia, em Lisboa, meses depois de o seu nome ter saído do esquecimento e de os seus livros ganharem leitores por todo o mundo de língua portuguesa. A repercussão do Prémio Camões, no caso de Paulina, teve um efeito inédito nesse sentido: o da projecção de um nome e da curiosidade do público em relação à sua obra.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção
Ler 15 comentários