Albanese toma posse como chefe de Governo com a promessa de mudar a Austrália

Novo primeiro-ministro trabalhista, que viaja já esta segunda-feira para Tóquio para participar na cimeira do Quad, compromete-se a reverter a política australiana em relação às alterações climáticas.

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Anthony Albanese saúda os seus apoiantes junto à sua residência, em Sydney EPA/DEAN LEWINS

Numa das mais rápidas transições de poder na história do país, o líder do Partido Trabalhista, Anthony Albanese, toma posse esta segunda-feira como primeiro-ministro da Austrália, colocando um ponto final a quase uma década de governação conservadora. “É um grande momento na minha vida, mas o que eu quero é que seja um grande momento para o país”, afirmou Albanese este domingo, um dia depois de ver confirmada a vitória nas eleições gerais.

“Quero mudar o país. Quero mudar a forma como a política funciona neste país”, disse Albanese que, logo após assumir funções, viajará para Tóquio onde representará o país da Oceânia na reunião do Quad, o grupo informal formado por EUA, Japão, Índia e Austrália.

Na capital japonesa, o novo chefe de Governo australiano deverá reunir-se individualmente com o Presidente dos EUA, Joe Biden, com o primeiro-ministro do Japão, Fumio Kishida, e com o primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, à margem da cimeira oficial antes de regressar à Austrália na quarta-feira. Biden foi, aliás, dos primeiros líderes mundiais a felicitar Albanese pela vitória eleitoral, prometendo que os dois países continuarão a trabalhar “estreitamente”.

Com a China e a segurança da região do Indo-Pacífico como temas principais da cimeira do Quad, espera-se que Albanese use o seu primeiro encontro com o Presidente norte-americano para passar a mensagem de que o Governo do Partido Trabalhista tenciona consolidar a aliança, que vem desde a II Guerra Mundial, com os Estados Unidos.

Na deslocação a Tóquio, Albanese far-se-á acompanhar pela nova ministra dos Negócios Estrangeiros, Penny Wong, que este domingo afirmou que a participação na cimeira do Quad logo na primeira semana de governação mostra “a importância que esta parceria tem para a segurança da Austrália.”

O novo Governo australiano “levará para a mesa de conversações as novas energias e muito mais, incluindo o compromisso de levar a sério as alterações climáticas após uma década perdida”, disse Wong este domingo, citada pelo The Guardian.

A falta de acção dos governos conservadores no que diz respeito à emergência climática, em particular o executivo cessante, liderado por Scott Morrison, terá sido determinante para a viragem à esquerda. A Austrália viveu, nos últimos anos, algumas das piores catástrofes naturais de sempre no país – como os incêndios de 2019 e de 2020 e as cheias de 2022.

“Temos agora a oportunidade de acabar com as guerras climáticas na Austrália. As empresas australianas sabem que o combate às alterações climáticas é bom para a criação de emprego e para a nossa economia, e eu quero juntar-me ao esforço global”, afirmou Albanese no sábado, em declarações à BBC.

Apesar da vitória certa nas eleições, falta ainda saber se o Partido Trabalhista conseguirá obter uma maioria que permita governar sem ter que recorrer a coligações, nomeadamente com os Verdes ou com as várias candidatas independentes, as chamadas “azul-esverdeadas”, que basearam a sua campanha em políticas de igualdade e na resposta à emergência climática. Este domingo, quando ainda faltavam contar mais de três milhões de votos por correspondência, processo que poderá prolongar-se por vários dias, os trabalhistas já tinham assegurado 73 lugares no Parlamento australiano, a três da maioria de 76.

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