CDU foi ao Algarve explicar por que não se deve deixar o PS sozinho no poder

João Oliveira passou o dia a falar de saúde, habitação e da necessidade de a coligação ter uma palavra a dizer na governação do país. A alternativa é uma política de direita.

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De manhã, João Oliveira esteve em São Bartolomeu de Messines LUSA/LUÍS FORRA

A moldura humana do grande auditório da Universidade do Algarve, nos arredores de Faro, abriu um sorriso a João Oliveira. O comício que fechou o dia de campanha da CDU no Algarve contou com uma casa cheia que ajudou a vencer “o frio da noite”. Se bem que o frio da noite nem é a “maior adversidade” que os comunistas têm enfrentado na campanha, notou o dirigente que está a substituir Jerónimo de Sousa.

Estaria a referir-se às questões de saúde que obrigaram ao afastamento temporário do líder do partido e de João Ferreira, mas a difícil relação com o PS também poderia encaixar na categoria de adversidade. Do ponto de vista de Oliveira, a situação é clara: “O PS arrastou o país para as eleições recusando as soluções”. E hoje afirmam já sem rodeios” que a sua ambição é obter “uma maioria absoluta que lhes permita fugir à acção da CDU e manter adiada a solução dos problemas”.

E o que pode fazer a acção CDU? O dirigente dá exemplos com medidas recentes das quais os comunistas reclamam a paternidade, como manuais escolares gratuitos, o aumento extraordinário de pensões ou a gratuitidade de creches.

No discurso com que se despediu de Faro, o dirigente tocou nas várias hipóteses, da governação “à peça como Guterres fez”, a uma “versão mais ou menos ecológica das soluções limianas de má memória”. Por isso, defende, o voto da CDU é importante para afastar o PS da política de direita, “que é a sua marca de água”. E ensaia já um caminho pós-eleitoral, lembrando as “batalhas” que a coligação terá “de continuar a travar de dia 31 de Janeiro por diante”.

Este foi o único dia que a caravana nacional da CDU dedicou ao Algarve, pegando em problemas locais – como a falta de médicos num centro de saúde de uma zona de baixa densidade e o alastramento do alojamento local em Lagos para falar de questão nacionais como o SNS e o direito à habitação. Em Faro, a coligação tenta recuperar o deputado que perdeu em 2019 (por poucos votos), depois de o ter conquistado em 2011.

“O objectivo do PS é retirar deputados à CDU”, anunciava João Oliveira, que quer evitar que o PS possa governar sozinho. Mas se as sondagens indiciam que uma maioria absoluta socialista não é o cenário mais provável, também ainda não está descartada a possibilidade de a nova legislatura trazer consigo um governo de direita. No périplo pelo país, o dirigente comunista tem encontrado “memórias muito vivas” dos governos do PSD e CDS, mas também das maiorias absolutas e das soluções de entendimento ao centro “com tudo o que isso trouxe de negativo”.

De manhã, João Oliveira foi a São Bartolomeu de Messines (Silves) para falar sobre saúde mas acabou por ter de passar também pelas mais recentes sondagens que apontam para uma perda de deputados da CDU na votação de 30 de Janeiro. O dirigente comunista reforçou que o resultado da coligação está ainda “em construção” como viria a repetir ao longo do dia , acrescentando que as sondagens “parecem muito desligadas da realidade” que vai encontrando no terreno.

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