O teu gato entende quando estás atento e interage para pedir ajuda

Equipa de investigadores da Nestlé Purina Research concluiu que os gatos têm consciência da atenção dada pelos donos e pedem ajuda para resolver problemas com que não conseguem lidar sozinhos.

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Manuel Roberto

Sentes que o teu gato tenta comunicar contigo com olhares para te pedir para abrir uma porta ou dar uma guloseima? É possível que tenhas razão. Um estudo publicado na revista Animal Cognition avança que os gatos têm consciência do estado de espírito dos donos e conseguem entender quando estes estão a prestar-lhes atenção.

A equipa de investigadores da Nestlé Purina Research concluiu que os gatos têm uma comunicação orientada pelo olhar e conseguem perceber quando o ser humano está disponível para interagir. Estas interacções são mais notórias quando necessitam de ajuda com tarefas que sejam incapazes de realizar sozinhos.

Este nível de cognição social era apenas considerado para os cães, que desenvolveram até a capacidade de interagir com as sobrancelhas – um nível comunicativo (ou devemos dizer chantagem?) a que os gatos não chegam. “Os gatos domésticos têm sido tradicionalmente considerados solitários. No entanto, a sua capacidade cognitiva social pode ter sido subestimada”, começa por considerar o estudo.

A experiência consistiu na colocação de gatos em quatro situações distintas. Nestas experiências, os gatos foram expostos a cenários “resolúveis e irresolúveis” – guloseimas que conseguiam alcançar sozinhos, em recipientes com a tampa aberta, e guloseimas impossíveis de obter, em recipientes fechados. Em ambos estes cenários, os gatos estiveram acompanhados de donos atentos ou desatentos.

Os testes demonstraram que a estratégia de obtenção de guloseimas depende do estado de atenção da pessoa que está próxima dos gatos, que conseguem avaliar os seres humanos com o olhar.

Com as guloseimas ao seu alcance, os gatos resolveram o problema e comeram as guloseimas ignorando a presença dos donos. No entanto, quando confrontados com o recipiente fechado, os animais pediram ajuda. Mas não só: pediram ajuda mais cedo caso a pessoa estivesse atenta, interagindo ou olhando para os gatos. “Foi observada interacção significativa entre o gato e o estado de atenção do dono”, refere o estudo.

“Os gatos exibiram este comportamento marginalmente mais com donos atentos, comparando com donos desatentos, mas apenas durante o teste irresolúvel”, continua. Este “comportamento sequencial” – aproximar-se e olhar alternadamente para o recipiente e para o humano, na esperança que a pessoa entenda o que o gato pretende – é semelhante ao que também já foi demonstrado no caso de cães e em bebés.

No entanto, apesar de passarem mais tempo a alternar o olhar entre o recipiente e o dono durante o teste das guloseimas inalcançáveis, os gatos passaram menos tempo em contacto com o humano e perto do recipiente.

Os investigadores consideram que os resultados do estudo sugerem que os gatos estão sintonizados com o seu ambiente sociocognitivo, agindo para com os humanos de forma intencional para obterem recursos e tendo em consideração o estado de atenção dos mesmos.

Conclusões que, embora devam ser “interpretadas com cautela”, indicam que a atenção dada a um gato pode servir como “um importante reforço para a comunicação gato-humano e para o estabelecimento de uma ligação forte entre os dois”. Já sabes: quando reparares que o teu gato está a olhar para ti, pergunta-lhe o que quer.

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