Militares portugueses aterram com primeiros refugiados. Foram a Cabul pagar “dívida de gratidão”

O ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, diz que a missão Portuguesa em Cabul foi um sucesso. Portugal sai de cabeça erguida”, diz Marcelo. Esta sexta-feira, Portugal recebeu o primeiro grupo de refugiados, com 24 cidadãos afegãos vindos de um voo de Madrid.

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José Sarmento Matos
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O primeiro grupo de refugiados do Afeganistão aterrou, na noite desta sexta-feira, na base aérea de Figo Maduro, no aeroporto de Lisboa, por volta das 21h30. O avião trouxe 24 cidadãos afegãos acompanhados dos quatro militares portugueses, destacados para o Afeganistão, que se encontravam em Cabul desde a madrugada de quarta-feira a apoiar a retirada de cidadãos afegãos do país. Os passageiros tinham viajado de Cabul para Madrid, em Espanha, e só depois seguiram para Portugal. 

Foram recebidos pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo ministro da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho. 

“Muito obrigado”, começou por sublinhar João Gomes Cravinho, na recepção dos militares, elogiando o trabalho das forças portuguesas. “Ao longo de quase 20 anos, Portugal desenvolveu dívidas de cidadãos afegãos que trabalharam e apoiaram as nossas forças nacionais destacadas”, explicou o ministro da Defesa. “Esta força nacional, com quatro homens apenas, foi a Cabul cumprir essa dívida de gratidão”, destacou. 

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MÁRIO CRUZ/LUSA

“Foi uma missão plenamente sucedida”, repetiu o Presidente, Marcelo Rebelo de Sousa, elogiando os esforços das forças portuguesas. “Portugal sai de cabeça erguida”, salientou o líder português, notando que a viagem a Cabul representou o “cumprimento de um princípio moral”. “Quem esteve connosco [no Afeganistão] merecia que nós estivéssemos com eles e elas na situação mais difícil das suas vidas”, explicou Marcelo Rebelo de Sousa. “Isto são as forças armadas portuguesas. Isto é Portugal”, concluiu.

O duplo atentado de quinta-feira, no aeroporto de Cabul, precipitou as operações de retirada de vários países de civis do Afeganistão. O ataque, levado a cabo por dois bombistas suicidas do Daesh, causou mais de uma centena de mortos.

“Fizemos tudo aquilo que estava ao nosso alcance para conseguir trazer para junto de nós as pessoas que trabalharam de perto connosco naquele teatro de operações”, assegurou o major Marco Silva, responsável pela mais recente missão no Afeganistão, à chegada ao aeroporto.

O ministro da Defesa, João Gomes Cravinho, reiterou que os militares portugueses concluíram a sua missão. O principal foco dos militares era assegurar a retirada dos cidadãos nas listas prioritárias do Governo português, incluindo cerca de 20 intérpretes afegãos que trabalharam com as Forças Nacionais Destacadas portuguesas e os seus familiares. 

Portugal deve receber mais três dezenas de refugiados nos próximos dias. “A nossa expectativa é termos duas levas: uma durante a noite e outra durante a manhã de amanhã, de cerca de 36 ou 38 pessoas. Teremos mais a chegar no fim-de-semana”, disse João Gomes Cravinho, em resposta a questões de jornalistas no aeroporto. “Estes números poderão variar porque há, em Espanha, alguns refugiados afegãos que também virão para Portugal, [mas] não sei precisar em que dia irão chegar.”

Os cidadãos que chegaram na noite de sexta-feira realizaram testes de despistagem para a covid-19 na chegada ao aeroporto, antes de seguirem para acolhimentos provisórios.

Nas últimas semanas, mais de 100 mil pessoas do Afeganistão foram acolhidas, através do apoio de diversos países. Portugal poderá receber mais refugiados nos próximos meses, no âmbito da cooperação com a União Europeia. 

Mais de 800 famílias portuguesas já se disponibilizaram para recolher refugiados afegãos, com 350 pessoas disponíveis para ceder alojamento, e pelo menos dez organizações e empresas a ceder postos de trabalho e doação de bens essenciais aos refugiados afegãos. Os números fazem parte de candidaturas preenchidas num formulário público que está a ser avaliado pelo Alto Comissariado para as Migrações.

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