Voltar a sair para descobrir como abrir a noite: o estudo que pôs 1300 pessoas a dançar em Amesterdão

O evento de teste, apoiado pelo governo, deu a 1300 pessoas uma noite de festa, um ano depois das medidas de contenção do novo coronavírus entrarem em vigor. Com ou sem máscara e distanciamento, os participantes dançaram a tarde toda. Os bilhetes esgotaram em 20 minutos. “Como seres humanos, precisamos disto.”

Foto
FERDY DAMMAN/epa

Não dançaram como se ninguém estivesse a ver. Na verdade, as 1300 pessoas que, no último sábado, voltaram a ocupar a pista de dança do ZiggoDome, em Amesterdão, uma arena com capacidade para 17 mil pessoas, estavam a ser vigiadas bem de perto. 

Todos os participantes na experiência de análise de risco de contágio usavam uma etiqueta que permite a identificação de contactos e movimentos, mas nem todos usavam máscara. Isto porque, antes de a festa de quatro horas começar, foram divididos em seis bolhas com instruções diferentes de distanciamento físico, liberdade de movimentos e uso de máscaras.

Os interessados em participar na investigação que procura formas seguras de abrir os espaços de lazer nocturno tinham de apresentar um teste com resultado negativo, feito 48 horas antes, e foram convidados a voltarem a ser testados para o novo coronavírus, cinco dias depois de terem quebrado o confinamento em nome da Ciência.

A fila para entrar no Back to Live Dance Event, um dos eventos de teste a decorrer na Ziggo Dome, em Amsterdão REUTERS/Eva Plevier
A arena recebeu o primeiro evento em mais de um ano. REUTERS/Eva Plevier
REUTERS/Eva Plevier
REUTERS/Eva Plevier
Os participantes tinham um teste com resultado negativo para o novo coronavírus. REUTERS/Eva Plevier
REUTERS/Eva Plevier
REUTERS/Eva Plevier
REUTERS/Eva Plevier
REUTERS/Eva Plevier
REUTERS/Eva Plevier
REUTERS/Eva Plevier
REUTERS/Eva Plevier
REUTERS/Eva Plevier
Fotogaleria
A fila para entrar no Back to Live Dance Event, um dos eventos de teste a decorrer na Ziggo Dome, em Amsterdão REUTERS/Eva Plevier

“É inacreditável. Sinto-me como uma criança, estava a saltar e a gritar à entrada”, disse um muito entusiasmado Sunnery James, à Reuters, antes do set começar. “A principal razão para estes eventos #backtolive é demonstrar que existe um plano para a realização de eventos seguros. Foi emocionante ver todos aqueles rostos felizes a apreciar a música e a ligação uns com os outros. Precisamos disto como seres humanos”, escreveu o artista no Instagram, exactamente um ano depois do último espectáculo, antes das medidas de contenção entrarem em vigor. 

Os 1350 bilhetes, à venda por 15 euros na quinta-feira, 25 de Fevereiro, esgotaram em 20 minutos. Havia 100 mil interessados. O festival de dança de pequena escala é um dos eventos de teste apoiados pelo governo, que incluem, por exemplo, uma conferência de negócios com 500 pessoas e um jogo de futebol com 1200 fãs. Os conselheiros governamentais vão utilizar os dados recolhidos durante e após a noite para guiar as decisões sobre uma possível flexibilização do confinamento em Amesterdão, durante os próximos meses.

As medidas são agora genéricas, permitindo por exemplo um máximo de 100 convidados em qualquer evento, se as infecções por coronavírus caírem para um determinado nível. Esperamos conseguir medidas mais específicas, tais como permitir que o ZiggoDome abra a metade da sua capacidade”, disse o organizador Tim Boersma, da Fieldlab Events.

Com sorrisos abertos, mesmo na cara de quem usou máscara durante o espectáculo todo, as imagens contrastam com o desânimo e desespero do sector da noite, em Portugal. Com os bares e as discotecas fechados há quase um ano, sempre fora dos planos de desconfinamento, o negócio, dizem, “está por um fio"

Todos os bares e restaurantes nos Países Baixos estão encerrados desde meados de Outubro. O país instaurou também um recolher obrigatório entre as 21h e as 4h30, em vigor há seis semanas, o que motivou os maiores protestos violentos dos últimos 40 anos no país. Para respeitar as regras nacionais, a experiência decorreu entre as 15h e as 19h de sábado, 6 de Março.

Sugerir correcção
Comentar