Exército birmanês “nega categoricamente” que vá dar um golpe militar

Declaração no Facebook avisa as embaixadas na Birmânia que não devem fazer “suposições injustificadas”. Deputados tomam posse esta segunda-feira.

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Apoiante dos militares durante uma manifestação contra a comissão eleitoral SHWE PAW MYA TIN/Reuters

O exército birmanês negou categoricamente que esteja a preparar um golpe militar numa mensagem publicada no Facebook este domingo, véspera da tomada de posse dos deputados no Parlamento que saiu das eleições de 8 de Novembro, ganhas com maioria absoluta pelo partido de Aung San Suu Kyi, a Liga Nacional para a Democracia (NLD).

O exército “nega categoricamente” que pretenda interromper a transição democrática no país e avisou a comunidade diplomática no país para “não fazer suposições injustificadas sobre a situação” na Birmânia, a que a ditadura militar mudou o nome para Myanmar.

Na sexta-feira, Estados Unidos, União Europeia e outros países pediram em comunicado, citado pela Reuters, aos militares para “aceitarem as normas democráticas” e impedindo “qualquer tentativa de alterar o resultado das eleições ou impedir a transição democrática”.

O receio de um possível golpe, num país que viveu em ditadura militar de 1962 a 2011 e onde os militares ainda guardam uma parte substancial do poder, começou na semana passada quando o Tatmadaw, como é conhecido o exército birmanês, mostrou vontade de “agir” em relação às eleições de Novembro, apelidando-as de fraudulentas.

O Partido da União Solidária e do Desenvolvimento (USDP), que assumiu o legado dos militares depois do fim da ditadura, não só voltou a perder as eleições por uma grande diferença como ainda perdeu lugares, tanto na Câmara dos Representantes como na Câmara das Nacionalidades

O USDP teve 5,9% contra 58,6% da NLD na câmara baixa e 3,1% contra 61,6% na câmara baixa. O partido de Aung San Suu Kyi elegeu 258 deputados (em 440) e 138 membros da Câmara das Nacionalidades (em 224), contra 26 deputados do USDP. No entanto, no acordo de transição para a democracia, os militares garantiram que um quarto das duas câmaras não vá a votos e esteja reservado para os nomeados directamente pelas chefias castrenses.

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