Governo gastou 496 milhões em 17 mil contratos covid-19. PÚBLICO abre site que permite ver todos os contratos

O PÚBLICO abre a todos os leitores o trabalho interactivo em que pode explorar quanto dinheiro se gastou no combate à pandemia, quem gastou, quais as empresas que mais facturaram e quais os equipamentos adquiridos.

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Gabriel Sousa

Gastaram-se mais de 496 milhões de euros em 16.996 contratos feitos pelo Governo, autarquias e instituições públicas para dar resposta à pandemia – com a maior fatia dos gastos a ser utilizada em equipamentos de protecção individual e em testes. Este trabalho em que o PÚBLICO analisou quase 17 mil contratos (recolhidos do portal BASE e do portal dados.gov) foi inicialmente publicado em Outubro unicamente para assinantes do jornal, mas agora abrimos a página interactiva para que todos os leitores possam explorar os contratos analisados.

Este trabalho foi feito em parceria com um consórcio de jornalistas de 37 países, coordenados pelo Organized Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP) e o PÚBLICO recolheu, catalogou e analisou os contratos públicos de combate à pandemia feitos entre Fevereiro e Outubro deste ano. Os dados continuarão a ser actualizados pelo PÚBLICO.

Na nossa página interactiva pode ver indicadores gerais como o total gasto no combate à covid-19, o número de contratos realizados (a maior parte deles são feitos por ajuste directo) e o número de empresas contratadas. Com mais detalhe, pode ver a evolução temporal dos gastos, quais os tipos de produtos mais adquiridos, quais os contratos mais caros e quais as instituições públicas que mais gastaram. Se clicar no nome de uma empresa, poderá ver que produtos vendeu essa empresa – e por que preço – e a quem os vendeu. Poderá ainda clicar em qualquer um dos contratos para analisar quem comprou o quê e a quem, em que data e qual o preço contratual.

Grupo Luz Saúde foi quem mais facturou

À semelhança do que acontecia a 21 de Outubro – data da primeira publicação deste trabalho – a GLSMed Trade (do grupo Luz Saúde) continua a ser a empresa que mais facturou em contratos com o Estado: foram 38,3 milhões de euros em contratos celebrados para dar resposta à pandemia. Foi também com a GLSMed Trade que foi celebrado o contrato mais caro que consta da nossa base de dados: 13,8 milhões de euros num só contrato feito a 1 de Abril com a Direcção-Geral da Saúde (DGS).

A principal cliente do grupo foi precisamente a DGS, que gastou 32,7 milhões de euros em compras à empresa de distribuição de produtos, equipamentos e dispositivos médicos do grupo Luz Saúde, detido pela Fosun e pela seguradora Fidelidade, que está nas mãos do mesmo grupo chinês.

Com 25 contratos feitos, a subsidiária do Grupo Luz Saúde vendeu 19,7 milhões de euros em equipamentos de protecção individual e 18,3 milhões de euros em testes – que, explicou o grupo ao PÚBLICO, são produzidos pela farmacêutica chinesa Fosun Pharma. 

Quanto às instituições públicas que mais gastaram, a lista é também encabeçada pela DGS, com 105,9 milhões de euros gastos; segue-se a Administração Central do Sistema de Saúde (36 milhões) e o Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte (18,1 milhões). Os municípios que mais gastaram foram o de Cascais (17,1 milhões de euros), o de Lisboa (8,6 milhões) e o de Oeiras (4,6 milhões).

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