Chegou o Barca Velha 2011, “chegou o leão”

Nove anos depois da vindima, foi lançado o novo Barca Velha, o de 2011 (o anterior é o de 2008). Para o enólogo responsável, Luís Sottomayor, o mais recente Barca Velha é “único e extraordinário”.

Foto
O Barca Velha 2011 dr

Luís Sottomayor, o enólogo da Casa Ferreirinha (Sogrape) responsável pelo mítico vinho Barca Velha, não tem dúvidas: “Chegou o leão”. Nos copos temos o novíssimo Barca Velha 2011 - o 20º da história - que acaba de ser lançado, e que, para Luís Sottomayor, é um vinho que já “nasceu um Barca Velha”. Não houve hesitações. Desde o primeiro momento que o enólogo sabia o que tinha em mãos, a partir das uvas colhidas nesse Verão quente de há nove anos.

“Desde a nascença que é um Barca Velha”, declarou, num dos três jantares de lançamento (foi preciso dividir os convidados ao longo de três dias por causa das restrições provocadas pela pandemia de covid-19), realizados esta semana na belíssima Quinta da Leda, no Douro Superior, precisamente onde nascem as uvas que dão origem ao Barca Velha.

Aí, no meio das vinhas, foi montado uma espécie de acampamento improvisado, com uma longa mesa. Estrategicamente colocadas, as luzes iluminavam as videiras. No final da noite, a lua subiu no céu, erguendo-se por trás da sombra da montanha. “Chegar aqui é chegar ao paraíso, é o contacto puro e directo com a natureza”, diz Fernando da Cunha Guedes, presidente da Sogrape e anfitrião do evento. “É aqui que nasce o Barca Velha. Estamos em comunhão perfeita vinho-natureza e isso fascina-me.”

É neste cenário, num jantar de cabrito assado no forno de lenha local, preparado pela Nela e a Angelina (que receberam os maiores elogios dos chefs José Avillez e Pedro Lemos, convidados para o lançamento), que o Barca Velha 2011 chega aos copos. Nem todos os anos há Barca Velha, é uma decisão que tem que ser tomada pela equipa de enologia, em função da qualidade do vinho, e que resulta depois numa declaração oficial. Sottomayor costuma dizer que, para esta tomada de decisão, “o vinho é que manda”. 

“A vindima de 2011 foi extraordinária”, recorda o enólogo. “Tivemos uma quantidade bastante razoável e uma qualidade excepcional. Ao fazer o lote [com 45% de Touriga Franca, 35% de Touriga Nacional, 10% de Tinto Cão e 10% de Tinta Roriz], não tínhamos sete ou oito vinhos com qualidade para ser Barca Velha, tínhamos 14, 15 ou 16. Uma enormidade. Depois foi só ajustar, perceber quais é que tinham as características e a qualidade para este tipo de vinho, engarrafar e esperar.”

É um vinho diferente do anterior Barca Velha, o de 2008. “Não é tão misterioso como esse”, reconhece o enólogo, precisamente por ser de um ano quente, ao contrário do de 2008. O mais recente Barca Velha “chega e mostra-se, diz ‘estou aqui’, é como um leão que anda na savana, não tem medo de nada, é respeitado e sabe que é respeitado, por isso vai a todo o lado sem qualquer problema.”

Não hesita, por isso em descrevê-lo como “único e extraordinário”, com “uma textura e concentração de boca inigualáveis”, que se aliam a uma “elegância extraordinária”. Recorda uma prova vertical que fez no ano passado no Rio de Janeiro, na qual provou vinhos desde 1952 (o primeiro ano de Barca Velha) até ao 2008, e destaca nesse conjunto o de 54, que considera excepcional ainda hoje. “Estou certo que [o 2011] vai chegar tanto ou mais longe do que o de 1954. Para mim, este vinho é já uma certeza”.

Foto
O enólogo da Casa Ferreirinha, Luís Sottomayor dr

Nota: O Barca Velha 2011 não tem um preço de venda ao público definido pela Sogrape; serão as garrafeiras e restaurantes a estabelecer o preço. 

Sugerir correcção