Brasil chega aos 100 mil mortos por covid-19 este fim-de-semana
“Há 100 mil famílias brasileiras que anda não receberam uma única palavra de conforto ou solidariedade do Governo”, sublinhou ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.
O Brasil está a aproximar-se a passos largos dos 100 mil mortos devido à covid-19, e esse marco deve ser ultrapassado neste fim-de-semana. A actualização da contagem feita esta manhã pelo consórcio de meios de comunicação social, que faz a sua própria contagem – pois os números oficiais, divulgados pelo Governo brasileiro, deixaram de merecer confiança – dá 99.743 óbitos registados e 2.967.634 diagnósticos da doença provocada pelo novo coronavírus.
Segundo os números oficiais, divulgados sexta-feira, houve até agora 99.572 mortos. O consórcio faz o seu levantamento directamente nas secretarias estaduais de saúde.
Neste sábado, na praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, houve uma acção de protesto em que a organização não-governamental Rio em Paz levou cruzes para o areal e soltou balões vermelhos, em memória pelas vítimas da pandemia no Brasil, e criticou a actuação do Presidente Jair Bolsonaro.
Às críticas juntou-se o ex-ministro da Saúde de Bolsonaro, Luiz Henrique Mandetta – obrigado a sair do Governo em Abril, por não partilhar o entusiasmo do Presidente pela hidroxicloroquina, o medicamento antimalárico que vários ensaios clínicos dizem não ser bom para tratar a infecção do novo coronavírus, mas no qual Bolsonaro continua a apostar.
“Há 100 mil famílias brasileiras que anda não receberam uma única palavra de conforto ou solidariedade do Governo”, sublinhou Mandetta, em declarações ao podcast Ao Ponto, do jornal O Globo. Essa é outra característica da governação de Bolsonaro: revela uma profunda incapacidade de empatia com os que têm ficado doentes e que morrem, que são sobretudo os mais pobres.
Em Brasília, em Julho, houve pelo menos 13 casos de crianças que tiveram a Síndrome Inflamatória Multissistémica Pediátrica, que parece estar relacionada com a covid-19, diz o site G1, da Globo News. E em Minas Gerais há pelo menos duas crianças nas mesmas condições.
O Presidente Bolsonaro, no entanto, tem sempre minimizado a gravidade da doença causada pelo vírus, defendendo a flexibilização do isolamento social e, múltiplas vezes, provocou aglomerações, quando saiu à rua, abraçando pessoas e tirando fotografias. Até mesmo quando ficou doente com covid-19, não se coibiu de fazer acções de campanha eleitoral.