ModaLisboa, festivais de verão ou futebol. Eventos de massas sujeitos a “avaliação de risco”

FIL e Exponor mantêm feiras agendadas. Promotores e federações desportivas acompanham a situação. Até agora, só o campeonato de Badminton foi cancelado. ModaLisboa admite sessões à porta fechada.

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Os centros empresariais têm seguido instruções da OMS e da DGS para eventos de massas. Nelson Garrido

A confirmação dos primeiros casos de coronavírus em Portugal não está a impedir o normal funcionamento das estruturas e entidades responsáveis por eventos de massa. As organizações estão a manter o contacto com as autoridades de saúde e a implementar planos de contingência, mas a entrada do SARS-CoV-2, que causa Covid-19, em Portugal ainda não motivou medidas mais extremas.

A Feira Internacional de Lisboa (FIL), que recebe de 11 a 15 de Março a BTL - Bolsa de Turismo de Lisboa – tem estado a trabalhar em articulação com a Direcção-Geral de Saúde (DGS) mas, até ao momento, “tudo continua como planeado”. O surto de coronavírus levou ao cancelamento de uma feira semelhante em Berlim.

Como medidas de prevenção contra o coronavírus, o recinto vai estar equipado com dispensadores de desinfectante e vai ser destacada uma equipa médica para estar presente na feira de turismo, avançou ao PÚBLICO a FIL. Até ao momento, a organização não tem conhecimento de expositores ou compradores que tenham desistido de marcar presença no evento, mesmo entre os participantes no pavilhão internacional da BTL.

No Porto, o director-geral da Exponor, Diogo Barbosa, confirmou que têm sido cumpridas as directivas da Direcção-Geral de Saúde e que o centro empresarial já seguia as instruções da Organização Mundial de Saúde (OMS) para eventos de massas. A Exponor activou o plano de contingência e tem seguido as instruções “mais específicas” dadas na sequência da ameaça do aparecimento da doença Covid-19 em Portugal.

Apesar do maior cuidado, Diogo Barbosa adianta que ainda não há qualquer cancelamento ou adiamento de eventos a realizar no recinto, em particular o Eros Porto, que se realiza de 5 a 8 de Março. Além disso, também não foram recebidas quaisquer directivas da DGS que indiquem, para já, tais medidas.

Nas recomendações para eventos públicos e de massas, a DGS alerta para o facto de estar demonstrado que este tipo de eventos pode “potenciar a disseminação de doenças infecciosas”, aconselhando que seja feita sempre “uma avaliação de risco completa em articulação com as autoridades de saúde locais e nacionais”.

O documento recomenda também a existência de um plano de contingência que contemple “o diagnóstico e encaminhamento” de suspeitos de Covid-19, a criação de “condições estruturais” necessárias à prevenção da transmissão da doença e a adopção de “medidas de higienização” e de etiqueta respiratória.

A organização da ModaLisboa, cuja 54.ª edição decorre entre quinta-feira e domingo, admitiu esta segunda-feira a possibilidade de a iniciativa decorrer “à porta fechada”, no caso de agravamento da propagação do surto de Covid-19 em Portugal. “Esta decisão será tomada em última instância e em caso de necessidade ou indicação das autoridades locais e nacionais de saúde”, sublinha a organização.

Federações desportivas e promotoras aguardam desenvolvimentos

A DGS não tem contabilizado o número de pedidos de aconselhamento que têm sido feitos junto das autoridades de saúde locais, uma vez que são acções que “não estão centralizadas” no órgão nacional. Apesar de haver países que estão a estabelecer directrizes específicas quanto aos eventos que se cancelam, a Direcção-Geral de Saúde explicou ao PÚBLICO que cada evento tem sido abordado de forma individual, com base nos parâmetros referidos na avaliação de risco.

Os eventos desportivos têm sido alvo de avaliação, com as federações desportivas a manterem um contacto próximo com as autoridades de Saúde. Aconselhada pela DGS, a Federação Portuguesa de Badminton cancelou os campeonatos internacionais de Portugal que iam ser disputados nas Caldas da Rainha, de 5 a 8 de Março. Ao PÚBLICO a federação justificou a decisão com o risco associado à deslocação de alguns dos atletas estrangeiros.

Na segunda-feira, os clubes da primeira e da segunda liga de futebol definiram, em reunião extraordinária, “os procedimentos a adoptar em caso de agravamento da situação em Portugal”, decidindo acatar a realização de jogos à porta fechada ou o possível adiamento de jornadas, anunciou a Liga Portuguesa de Futebol Profissional em comunicado.

A Federação de Ginástica de Portugal (FGP) e a Federação Portuguesa de Ciclismo (FPC) afirmaram estar já a cumprir as directivas da DGS e da OMS. No caso do andebol, a federação adiantou que o torneio olímpico, em que a selecção nacional vai participar, de 17 a 19 de Abril, em Paris, ainda se mantém agendado.

A FPC explicou ainda ao PÚBLICO que criou “um plano específico para os eventos internacionais organizados em Portugal”, já aplicado no passado fim-de-semana no Grande Prémio de Portugal em BMX. Entre várias medidas de reforço de higienização, todos os participantes “oriundos de zonas altamente afectadas pela Covid-19” foram avaliados pelo médico da FPC.

Entre as promotoras de eventos de música, a incerteza quanto ao estado da epidemia na altura dos eventos é maior. Apesar de a maioria dos festivais ser no Verão, as empresas organizadoras garantem estar atentas ao desenrolar dos acontecimentos, prontas a aplicar quaisquer medidas que venham a ser necessárias e indicadas pelas autoridades. Apesar disso, estão optimistas de que, até à altura dos festivais, a situação esteja controlada.

Mais próximo está o MIL – Lisbon International Music Network, a decorrer de 25 a 27 de Março, que ainda não recebeu indicações quanto à realização do festival, mas tem seguido as indicações a que têm tido acesso da DGS. A organização não tem planos para adiar ou cancelar o festival e ainda tem todo o cartaz internacional confirmado.

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