Rio rejeita “vigarices” no pagamento de quotas dos militantes

Presidente do PSD diz que a “sua força vem de fora”. Foi eleito líder da bancada parlamentar sem qualquer voto contra.

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Rui Rio foi eleito líder parlamentar com 71 de 79 votos possíveis. Mas só fica à frente da bancada até o partido decidir, em directas, se quer mudar de presidente Rui Gaudencio

O líder do PSD afirmou nesta quarta-feira rejeitar “vigarices” no pagamento de quotas dos militantes como admite terem acontecido no passado, incluindo nas directas em que foi eleito em 2018. Depois de serem contados os votos para a liderança da bancada - Rui Rio só teve seis votos brancos e dois nulos em 79 deputados - , o líder social-democrata lançou uma farpa a Luís Montenegro (cujo lema na campanha para a liderança do partido é “a força que vem de dentro") ao dizer que a sua “força vem de fora, dos portugueses”. 

Rui Rio foi questionado pelos jornalistas sobre as dificuldades no pagamento de quotas por parte de militantes, condição necessária para votarem nas eleições directas marcadas para 11 Janeiro. O líder do PSD admitiu que o “sistema é complexo” e que há “dificuldades” por parte de militantes que querem pagar a sua quota individualmente, mas justificou a alteração do sistema, deliberada pela sua direcção, para “acabar com a vigarice” de se pagar “300, 400 ou 500 quotas” de uma vez. “Facilitar a vida àqueles que querem fazer vigarices isso não”, afirmou, assumindo que rejeita o “espectáculo” que foi feito no partido. “Até nas minhas directas”, disse, referindo-se à sua eleição em 2018. O novo sistema obriga a que cada militante tenha uma referência multibanco e exige vários documentos comprovativos de dados pessoais. 

Rui Rio referiu-se depois à possibilidade de a eleição ser aberta aos militantes sem pagamento de quotas actualizado - o que tem sido sugerido por apoiantes da candidatura de Luís Montenegro -, mas incluiu os simpatizantes (que não são militantes), fazendo o paralelo com a iniciativa que teve o PS em 2014. Sobre essa solução adoptada pelos socialistas o líder do PSD disse estar aberto a que se possa realizar “de longe a longe” no PSD, mas que só será possível se houver um arranjo jurídico, já que os estatutos prevêem que só os militantes com quotas pagas possam votar. O líder do PSD acabou por admitir, perante as insistências dos jornalistas, que não é possível um conselho nacional aprovar alterações aos estatutos, isso só se pode fazer em congresso. 

“Era saudável que pudessem votar todos”, disse, citando depois a frase de campanha de Luís Montenegro para ilustrar a sua disponibilidade para eleições primárias no PSD: “Há quem diga que a sua força vem de dentro; a minha vem de fora, vem dos portugueses”. 

Questionado sobre os aperfeiçoamentos que podem ser introduzidos no sistema de pagamento de quotas, Rio adiantou apenas que os pedidos de determinados documentos vão ser “aligeirados”. O líder do PSD foi também confrontado com dúvidas lançadas por apoiantes da candidatura de Luís Montenegro sobre a isenção da actual direcção no tratamento dado ao pagamento de quotas por estruturas que são mais afectas à direcção ou são mais hostis. “Qualquer concelhia tem acesso à lista dos seus militantes”, disse em tom irritado, acrescentando que não responderá a esse tipo de “provocações” e de questões que chegam a ser “insultuosas”. 

Relativamente à presença dos outros dois candidatos - Luís Montenegro e Miguel Pinto Luz - no conselho nacional desta sexta-feira, Rui Rio disse não “alimentar fait-divers”, remetendo essas questões para o presidente do órgão, Paulo Mota Pinto. 

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