Governo de Pequim prepara medidas mais duras para enfrentar protestos em Hong Kong

A forma como o governo regional é escolhido vai mudar, as leis que garantem a segurança e contra atitudes separatistas vão ser reforçadas e a população, de Hong Kong e Macau, vai aprender patriotismo e cultura chinesa.

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Shen Chunyao ROMAN PILIPEY/EPA

A China, que advertiu esta sexta-feira que não vai tolerar qualquer mudança no sistema de governo de Hong Kong, prepara-se para incentivar o sentimento de patriotismo e mudar a forma como a liderança da cidade é escolhida, num momento em que a região enfrenta a maior crise política desde 1997. 

Os protestos e confrontos na região com autonomia especial foram avaliados esta semana numa reunião de quatro dias do Partido Comunista da China (PCC), presidido pelo Presidente Xi Jinping, disse Shen Chunyao, director da Comissão da Lei Básica de Hong Kong e Macau (que supervisiona a aplicação das “constituições” que regulam os dois territórios).

Desde que os protestos pró-democracia e contra a assimilação de Hong Hong (as leis, a política e os direitos civis) pela China começaram, há cinco meses, que se esperam sinais sobre como vai o Governo central, em Pequim, posicionar-se. 

Shen, citado pelo site Hong Kong Free Press, disse que a liderança do PCC concordou em “melhorar ainda mais o sistema de governo do governo central sobre a região” e garantir sua “prosperidade e estabilidade a longo prazo”.

A China, continuou, “nunca irá tolerar qualquer acto que desafie o princípio ‘um país dois sistemas'  [em que assenta o estatuto de autonomia especial da região], nunca irá tolerar qualquer acto que divida o país ou ameace a segurança nacional, e decididamente vai impedir que forças estrangeiras interfiram em Hong Kong e Macau”.

O governo de Hong Kong - escolhido por um comité de 1200 pessoas a partir de uma lista previamente aprovada pelo Governo central - é chefiado por Carrie Lam, que até ao momento conta com o apoio de Pequim. Não foi adiantado como passará a ser feita essa escolha - os manifestantes exigem eleições directas -, Shen disse apenas que os líderes discutiram “uma forma de melhorar o mecanismo de nomeação e afastamento do chefe do executivo e dos principais membros da Região Administrativa Especial”.

O sistema legal vai também ter alterações destinadas a “garantir a segurança nacional”. Também aqui, não foram avançados pormenores.

Finalmente, e neste pacote para travar os protestos, os líderes do partido decidiram que Hong Kong necessita de mais educação patriótica. “Temos que educar a sociedade de Hong Kong e Macau - disse Shen -, sobretudo os funcionários públicos e os jovens... e reforçar a consciência nacional e o patriotismo entre os compatriotas de Hong Kong e Macau através do ensino da História e da cultura chinesas”.

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