Trump confirma saída do Acordo de Paris, mas adversários prometem regresso em 2020

O anúncio foi feito numa conferência sobre exploração de gás de xisto, onde o Presidente norte-americano disse que o acordo internacional visa “punir os americanos”. Os candidatos do Partido Democrata comprometem-se a desfazer a decisão de Trump se ganharem as eleições.

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O Presidente norte-americano discursou numa conferência sobre exploração de gás de xisto Reuters/LEAH MILLIS

O Presidente dos Estados Unidos confirmou que o país mesmo sair do Acordo de Paris, quase dois anos e meio depois de ter anunciado essa intenção. Donald Trump disse que o acordo internacional de combate às alterações climáticas tem como objectivo “punir os americanos e enriquecer os poluidores estrangeiros”.

“O acordo de Paris ia levar à aplicação de restrições legais aos produtores americanos de uma forma que vocês nem acreditam, enquanto permite que produtores estrangeiros continuem a poluir impunemente”, disse o Presidente num discurso numa conferência sobre a exploração de gás de xisto que decorre na Pensilvânia.

O acordo internacional alcançado em 2015 e que entrou em vigor em 2016, é visto como uma das grandes conquistas do ex-Presidente americano Barack Obama.

Segundo os termos do pacto, o mais cedo que um país pode pedir para sair do acordo é 4 de Novembro, daqui a menos de duas semanas. E o processo de saída só fica concluído um ano depois, no dia 4 de Novembro de 2020, um dia depois das eleições presidenciais nos EUA.

Todos os candidatos do Partido Democrata à nomeação para a corrida à Casa Branca prometem que, se vencerem a eleição, os EUA vão regressar ao Acordo de Paris. Os favoritos, como Joe Biden, Elizabeth Warren ou Bernie Sanders, prometem mesmo reforçar os compromissos e estabelecer metas mais ambiciosas no combate às emissões de carbono.

O Acordo de Paris foi assinado por 195 países e tem como objectivo manter a subida da temperatura média mundial abaixo dos dois graus a níveis pré-industriais. Os EUA foram o único país a anunciar a saída do acordo.

Os críticos da Administração Trump dizem que a decisão compromete a liderança mundial dos EUA no combate às alterações climáticas, e abre as portas a países como a Rússia ou a China para ocuparem essa posição – ainda que Pequim, por exemplo, esteja agora menos comprometida com esses objectivos, devido aos esforços para uma desaceleração económica.

Quando anunciou que ia retirar os EUA do Acordo de Paris, em Junho de 2017, o Presidente norte-americano disse que ia tentar negociar com os parceiros internacionais termos mais favoráveis às suas políticas internas. Mas esse esforço não foi visível, e era esperado que a decisão final, anunciada agora, confirmasse ao abandono do pacto.

Ainda assim, a decisão de Donald Trump pode não ter as consequências dramáticas que muitos receiam.

Apesar do ataque às regulamentações de protecção ambiental nos EUA, que deu um novo fôlego às indústrias do petróleo e do gás, várias cidades e estados americanos aprovaram leis que contornam essa política da Administração Trump.

Ao todo, as cidades e estados que combatem as emissões de carbono já representam quase 70% do Produto Interno Bruto e 65% da população norte-americana – seriam a quarta maior economia mundial se, juntos, fossem um país.

O estado da Califórnia lidera esta oposição à Casa Branca e está envolvido numa batalha com o Presidente para manter a sua liberdade, que conseguiu em finais de década de 1960, de fixar limites máximos de poluição no seu território.

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