Protesto de trabalhadores leva a fecho inesperado do Louvre

Museu parisiense não abriu as portas esta segunda-feira. Recepcionistas e vigilantes dizem que o Louvre está a “asfixiar”, e que o quadro de pessoal não acompanha o crescimento exponencial de visitantes.

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Charles Platiau/ REUTERS

O dia do descanso semanal é terça-feira, mas esta segunda-feira o Museu do Louvre também esteve inesperadamente de portas fechadas na sequência de uma acção de protesto dos seus funcionários.

No site oficial do museu parisiense, o mais visitado do mundo, podia ler-se que o encerramento se deveu ao facto de “uma parte dos funcionários do serviço de recepção e de vigilância” ter faltado ao trabalho, e também à “forte afluência” do público.

A lei laboral francesa atribui aos trabalhadores o chamado “droit de retrait”, que lhes permite faltar, individual ou colectivamente, quando consideram não estarem reunidas as condições para o desempenho das suas funções em segurança. Foi isto que agora aconteceu no Louvre. Reunidos em plenário na manhã desta segunda-feira, os funcionários decidiram exercer este direito e “manifestaram a sua cólera” junto da direcção do museu, diz um comunicado do sindicato Sud Culture Solidaires, citado pela AFP.

“O Louvre está a asfixiar”, e os funcionários confrontam-se com “uma degradação sem precedentes das condições de visita e de trabalho”, acrescenta o sindicato, lembrando que o aumento de frequência do museu – que em 2018 bateu todos os recordes, ultrapassando os 10 milhões de visitantes – não tem sido acompanhado do correspondente reforço do quadro de pessoal, que, ao contrário, tem vindo a diminuir.

No aviso em que comunica a situação excepcional de fecho de portas esta segunda-feira, a direcção do Louvre assegura o reembolso dos bilhetes do dia, mas adverte os visitantes de que para os dias a seguir só garantirá as entradas compradas através de reserva online.

As visitas no Louvre aumentaram exponencialmente no ano passado, com um crescimento de cerca de 20% relativamente a 2009, uma situação que veio inverter a queda que se tinha registado em anos anteriores, nomeadamente na sequência dos atentados terroristas de 2015. A escolha do museu parisiense como cenário do videoclipe Apeshit, de Beyoncé e Jay-Z, e a abertura, no Golfo Pérsico, do Louvre Abu Dhabi, vieram ampliar sobremaneira a visibilidade da instituição, cujo quadro de pessoal – acusam os trabalhadores – não tem sido adequado às necessidades, pondo inclusivamente em risco a salvaguarda do património que tem à sua guarda.

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