Brasil sai à rua contra cortes na Educação. “Idiotas e imbecis”, acusa Bolsonaro

Presidente brasileiro criticou instrumentalização e dimensão “militante” dos protestos registados todos os estados do país, contra a redução do financiamento público às universidades federais.

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Manifestação em Brasília Adriano Machado/REUTERS

Jair Bolsonaro dedicou duras críticas aos milhares de manifestantes que encheram as ruas das principais capitais e cidades do Brasil, esta quarta-feira, em protesto contra os cortes no orçamento para as universidades federais, decretada pelo Ministério da Educação. O Presidente brasileiro rotulou os manifestantes de “idiotas úteis” e “imbecis” e denunciou a sua instrumentalização por uma “minoria espertalhona”. Foram registadas manifestações nos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal, assim como paralisações em escolas e universidades e bloqueios das principais avenidas.

“É natural [que haja manifestações], mas a maioria ali é militante. Não tem nada na cabeça. Se você perguntar quanto é 7x8 ninguém sabe. Se perguntar qual é a fórmula da água, ninguém sabe. Não sabem nada”, desdenhou o chefe de Estado brasileiro, que está de visita aos Estados Unidos. “São uns idiotas úteis, uns imbecis, que estão a ser utilizados como massa de manobra de uma minoria espertalhona que compõe o núcleo de muitas universidades federais do Brasil”, acusou.

Bolsonaro afirmou que por ele não se faziam cortes, “especialmente na Educação”, mas que os mesmos são necessários. O motivo, sublinhou, é que recebeu “um Brasil destruído economicamente”. “Este mês não tem dinheiro. E quando não tem [dinheiro], tem de congelar”, justificou.

Convocadas pelos sindicatos, movimentos sociais e associações estudantis, as manifestações desta quarta-feira começaram bem cedo em diversas cidades do Brasil e juntaram multidões superiores a 50 mil pessoas em São Paulo, Brasília ou Salvador da Bahia. É o primeiro protesto a nível nacional desde que Bolsonaro tomou posse, no início de Janeiro.

Na origem dos protestos está a decisão do novo ministro da Educação, Abraham Weintraub, de bloquear 30% do financiamento público para todas as universidades federais – afectando as verbas disponíveis para gastos correntes, como a água, a electricidade ou a Internet, que já obrigaram à suspensão de bolsas de mestrado e doutoramento.

Decisão essa que a oposição e grande parte da academia acreditam ter motivações puramente ideológicas, baseadas na crença do actual Governo de que as  universidades brasileiras são lideradas por “marxistas”, particularmente nas que se dedicam às Humanidades e às Ciências Sociais.

Para os críticos da medida, basta olhar para a sua primeira formulação. Weintraub queria congelar o financiamento dos estabelecimentos que mais “balbúrdia” fazem: a Universidade de Brasília, a Universidade Federal da Bahia e a Universidade Federal Fluminense, do Rio de Janeiro, conhecidas por terem tido protestos anti-Bolsonaro. 

Semanas antes, o próprio Presidente chegou a sugerir a redução nos apoios aos cursos superiores de Humanidades e o subsequente incremento dos mesmos “em áreas que gerem retorno imediato ao contribuinte”.

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