Bolsonaro demite ministro da Educação

Abraham Weintraub deixa de ser o número dois da Casa Civil para ocupar o cargo de Ricardo Vélez Rodríguez, que em três meses paralisou o ministério.

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Ricardo Vélez Rodríguez, o ministro demitido AMANDA PEROBELLI/Reuters/

O Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, nomeou esta segunda-feira um novo ministro da Educação, substituindo Ricardo Vélez Rodríguez, cuja saída estava prevista há semanas. Abraham Weintraub, até agora secretário-executivo da Casa Civil, vai assumir o cargo, no que é uma surpresa, pois não aparecia entre os nomes referidos como possíveis para assumir o cargo.

Weintraub, número dois do ministro Onyx Lorenzoni, foi, com o irmão Abraham, dos primeiros académicos a juntar-se à campanha presidencial do então deputado federal Jair Bolsonaro, ainda em 2017. Lorenzoni apresentou-os ao actual Presidente.

Economista, formado na Universidade de São Paulo, trabalhou 18 anos no Banco Votorantim, passou por uma corretora, antes de se dedicar à vida académica como professor de Ciências Contábeis na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).

O ano passado, quando o “Estado de São Paulo” lhe perguntou porque se tinha decidido agora, aos 47 anos, a enveredar pela política, Abraham Weintraub falou em escravidão e no exemplo da Venezuela: “Diante de ameaças é necessário lutar pelo país em que se vive. Os venezuelanos descobriram isso muito tarde. Perderam o controlo de sua pátria e hoje são colónia dos ditadores que controlam Cuba. São escravos”.

Weintraub assume uma pasta importante do projecto político de Bolsonaro que com Vélez Rodríguez viveu em polémica desde o primeiro momento, com lutas internas, passos em falso e pouco trabalho para apresentar em três meses. Inacção em termos políticos, porque em matéria de rotatividade dos lugares, o Ministério da Educação viveu um corrupio em menos de cem dias, com 15 funcionários de níveis superiores demitidos.

O novo ministro não vai ter tarefa fácil numa pasta onde a guerra entre “olavistas” (protegidos do guru de Bolsonaro, Olavo de Carvalho) e militares pelo controlo da política educativa brasileira é encarniçada. O seu antecessor, um colombiano radicado no Brasil desde os anos 1970, professor da Universidade de Juiz de Fora, que o convite de Bolsonaro para ministro (por indicação de Olavo de Carvalho) retirou do relativo anonimato, não teve nitidamente capacidade para o fazer.

O próprio Bolsonaro afirmou que Vélez “não tem tacto político” e, na sexta-feira, num pequeno-almoço no Palácio do Planalto com directores de jornais e repórteres de televisão, deu a entender que a gestão de Vélez Rodríguez havia chegado ao fim: “Está bem claro que não está dando certo. É uma pessoa bacana, honesta, mas está faltando gestão, que é uma coisa importantíssima.” Acrescentando o chefe de Estado que a questão da Educação seria resolvida na segunda-feira e ficou, pelo menos em termos de titular do cargo, sobre as divisões internas e a paralisia do ministério ainda se está para ver.

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