Luís Montenegro, deputado e pouco mais (com algumas polémicas à mistura)

Não foi convidado para o conselho nacional e acabou por assistir, a 500 metros, à aprovação da moção de confiança ao líder, Rui Rio.

Luís Montenegro é advogado
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Luís Montenegro é advogado Daniel Rocha
Montenegro é próximo de Miguel Relvas
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Montenegro é próximo de Miguel Relvas Daniel Rocha
Montenegro liderou a bancada do PSD
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Montenegro liderou a bancada do PSD Enric Vives Rubio
Saída da Assembleia foi em Abril de 2018
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Saída da Assembleia foi em Abril de 2018 Nuno Ferreira Santos
Nunca exerceu cargos governativos
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Nunca exerceu cargos governativos Daniel Rocha

Quem é Luís Montenegro? Quem é o homem que abriu uma das mais graves crises no Partido Social Democrata? Muitos responderão de imediato: é “deputado do PSD”. Já não é. Deixou o Parlamento a 5 de Abril de 2018 após a saída de Passos Coelho da AR e já com Rui Rio a liderar o partido. A resposta não é, porém, errada porque na sua já longa vida política pouco mais foi do que deputado do PSD.

Luís Filipe Montenegro Cardoso de Morais Esteves nasceu a 16 de Fevereiro de 1973 (tem 45 anos) em Aveiro. É licenciado em Direito pela Universidade Católica (Escola de Direito do Porto) e sócio da Sousa Pinheiro & Montenegro (SP&M Advogados).

Chegou à Assembleia da República em 2002 (tinha então 29 anos), com Durão Barroso como presidente do PSD e primeiro-ministro. Manteve-se como deputado 16 anos consecutivos, mas foi com Passos Coelho a presidente dos sociais-democratas e líder do governo PSD/CDS que se destacou como líder da bancada parlamentar “laranja”. Foram os tempos da brasa da troika, os anos da crise, dos cortes nos direitos sociais, do “colossal aumento de impostos”, do “ir além da troika”, do acertar as contas e Montenegro foi sempre uma voz dura e fiel às políticas do governo. Nunca se desviou um milímetro e teve sempre o apoio de Passos.

Começou a vida política através da JSD de Espinho, à qual presidiu entre 1994 e 1996, e foi também vereador na câmara (1997/2001). Nas autárquicas de 2005, candidatou-se a presidente do município, mas foi derrotado por José Mota, do PS. Em Espinho ocupou também o cargo de presidente da Assembleia Municipal. Exerceu ainda as funções de deputado na Assembleia Metropolitana do Porto.

Já depois de chegar ao Parlamento, teve sempre uma voz activa na vida eleitoral do partido. Em 2007 esteve com Luís Filipe Menezes contra Marques Mendes. Menezes ganhou. Em 2008, esteve com Pedro Santana Lopes contra Manuela Ferreira Leite e Passos Coelho. Ganhou Ferreira Leite. Em 2010 apoiou Santana Lopes contra Passos Coelho, Paulo Rangel e José Pedro Aguiar Branco. Ganhou Passos.

Já em 2018, ano das últimas directas em que admitiu poder ser candidato, acabou por estar ao lado de Santana Lopes contra Rui Rio. Ganhou o ex-autarca da Câmara do Porto e Montenegro foi ao congresso dizer que vai andar por aí. "Desta vez decidi dizer 'não'. Se algum dia decidir dizer ‘sim’, não vou pedir licença a ninguém."

Nas eleições presidenciais esteve sempre ao lado dos vencedores Cavaco Silva e Marcelo Rebelo de Sousa.

E sem pedir licença a ninguém, no passado dia 11 desafiou Rio a ir a votos. "O estado a que o PSD chegou é mau, preocupante e irreversível" afirmou.

Alegando ter havido uma "brutal alteração de circunstâncias", que Rui Rio "falhou" na união do partido e na capacidade de fazer oposição e que o PSD corria o risco de uma "derrota humilhante" e de se tornar "irrelevante", o desafiante acrescentou: "Face a este estado de coisas sinto a responsabilidade de sair da minha zona de conforto.”

A partir daí foi a confusão que se conhece, com o partido feito em cacos, trocas de acusações, polémicas diversas e contagem de espingardas feitas pelos dois lados. Uma batalha que perdeu na madrugada desta sexta-feira. Mas a "guerra entre irmãos" pode não ficar por aqui.

A sua vida política também não está isenta de polémicas. Foi acusado de faltar ao Parlamento para ir assistir a jogos do seu Futebol Clube Porto. Ainda no que ao futebol diz respeito, é arguido no processo do Ministério Público que investiga as viagens oferecidas a deputados para irem assistir a jogos do Campeonato da Europa de 2016.

Em Março do ano passado, o seu nome esteve na ribalta noticiosa quando se soube que a sua sociedade de advogados recebeu, entre 2014 e 2018, dez contratos por ajuste directo das autarquias de Espinho e Vagos, ambas lideradas pelo PSD. Destes negócios, a sociedade detida em 50% por Montenegro ganhou 400 mil euros em serviços jurídicos prestados.

Segundo o Jornal Económico, a actividade de advogado de Luís Montenegro foi um dos oito casos analisados pela subcomissão de Ética em Março de 2017. Para o órgão, os casos que envolvem o social-democrata, que já tinha abdicado mandato de deputado, não configuravam "impedimento".

Foi também sempre apontado como sendo membro da maçonaria – Rui Rio chegou a insinuá-lo na resposta que deu a Montenegro depois de desafiado a ir a eleições. Esta semana já o desmentiu por mais do que uma vez. Nunca o tinha feito até agora.

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