Eurodeputada Maria João Rodrigues investigada por assédio laboral pelo Parlamento Europeu

Parlamentar socialista afirma que o processo resulta de uma divergência quanto aos deveres de um assistente.

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Maria João Rodrigues Daniel Rocha
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Maria João Rodrigues com António Costa evr Enric Vives-Rubio

O Parlamento Europeu abriu uma investigação à eurodeputada socialista Maria João Rodrigues, que foi acusada de assédio laboral por uma colaboradora sua que exerce a função de assistente parlamentar no seu gabinete. Ao PÚBLICO, Maria João Rodrigues disse nesta sexta-feira estar tranquila e aguardar tranquilamente pelo desfecho do processo, apesar de recear que o caso possa ser objecto de aproveitamento político no actual contexto, em que se estão a preparar as listas partidárias para as eleições europeias.

Depois de uma avaliação preliminar, os serviços do Parlamento decidiram que uma série de denúncias feitas contra Maria João Rodrigues já em Junho passado mereciam uma investigação aprofundada para apurar da existência ou não de um comportamento impróprio por parte da eurodeputada, que é uma das vice-presidentes da bancada dos Socialistas e Democratas no Parlamento Europeu.

O inquérito está em curso, tendo já sido realizadas audições à queixosa e a Maria João Rodrigues, e ouvidas várias testemunhas, incluindo os restantes colaboradores do seu gabinete, que segundo a eurodeputada refutaram as acusações.

Segundo avançou a edição online do Politico, as acusações apresentadas contra Maria João Rodrigues apontam para um comportamento excessivamente autoritário da eurodeputada, que obrigaria o seu pessoal a trabalhar para além dos horários estabelecidos, como no caso da colaboradora em causa, a quem teria ainda reduzido o salário durante a licença de maternidade e exigido que fosse trabalhar quando se encontrava de baixa médica.

A eurodeputada refuta categoricamente as acusações, que considera “gravíssimas” — ainda que admita que, circunstancialmente, fez telefonemas para tratar de matérias de trabalho com a sua assistente depois das 17h. “Quando havia algum problema com marcações de viagens, que era uma das suas funções, naturalmente tinha que falar com ela”, justificou.

Acusações "gravíssimas" refutadas

Maria João Rodrigues diz que na origem da queixa estão “diferentes entendimentos do que devem ser os deveres profissionais de um assistente parlamentar”, considerando que a queixosa se revelou incapaz de lidar com o trabalho “no ambiente político intenso e exigente” decorrente dos cargos e responsabilidades da eurodeputada no seio do seu grupo parlamentar. “Não soube acompanhar a passada e a pressão”, afirmou.

Mas a eurodeputada nega categoricamente ter um comportamento que possa ser descrito como bullying e garante não existir nenhum constrangimento entre o pessoal que lida directamente consigo. “Qualquer pessoa que me conheça minimamente não vai confirmar esta imagem”, assegura.

O Parlamento Europeu enquadra o assédio laboral como uma conduta “repetitiva ou sistemática” de abuso psicológico, de forma escrita ou verbal ou por actos que atentem ou desvalorizem a “personalidade, dignidade ou integridade física e psicológica de qualquer pessoa”.

Maria João Rodrigues é uma das deputadas mais conceituadas do ponto de vista técnico do Parlamento Europeu, tendo uma carreira académica e política ligada aos assuntos europeus desde o final dos anos 90. Ainda assim, o PÚBLICO já avançou que o cabeça de lista do PS para as europeias do próximo dia 26 de Maio será o actual ministro do Planeamento e Infra-estruturas Pedro Marques, o que implicará uma mini-remodelação governamental.

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