A Ribeira à vista, um Porto à mão

Consciente de que a reinvenção é essencial, o grupo Gran Cruz apostou na arte de “receber em casa”. Nesta sua primeira incursão na hotelaria, o vinho do Porto e do Douro são os grandes protagonistas.

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“Uma marca de Vinho do Porto é mais do que um produto.” Escreveu-o Jorge Dias, director-geral da Gran Cruz, no livro Do vinho à cultura e à arte que está pousado na mesa do nosso LBV. “Deve proporcionar experiências sensoriais e emotivas. Transmitir uma alma, uma ilusão e um mistério. Levar as pessoas a sonhar.” As linhas parecem fazer mais sentido se estivermos acomodados na Gran Cruz House, rodeados de Douro, de Ribeira do Porto, de cores barrentas, de arte e de Vinho do Porto, a verdadeira jóia da coroa Gran Cruz, grupo com 30 milhões de garrafas de unidades vendidas anualmente e, ao mesmo tempo, consciente de que a reinvenção é essencial.

O último passo da Gran Cruz foi a aquisição de um edifício em plena Praça da Ribeira, no Porto, mesmo ao lado do Cubo do escultor José Rodrigues e da estátua de São João Baptista, da autoria de João Cutileiro, uma casa altaneira se tivermos em consideração a vida agitada desta zona da cidade, entregue ao andamento de milhares e milhares de turistas que procuram a Ponte Luiz I e o passeio ribeirinho, a travessia para Gaia e os percursos de barco ao longo do Douro.

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O grupo não quis perder a “oportunidade” de transformar o edifício, marcando a primeira incursão na hotelaria — e alguns anos depois da inauguração (2012) do Espaço Porto Cruz, junto ao cais de Vila Nova de Gaia, com um centro multimédia, o restaurante DeCastro e um terraço panorâmico sobre o rio. “É uma oferta intimista no coração da Ribeira”, sublinha à Fugas Elsa Couto, responsável de comunicação da Gran Cruz. “Recebemos em casa”, reforça.

Original do século XVII, o edifício, hoje em zona classificada como Património da Humanidade, armazenou café e chocolate no início do século XX. Mais recentemente, no final do mesmo século, foi base de pequenas colectividades desportivas. Estava devoluto quando o atelier de Miguel Oliveira agarrou nele. Manteve-se a traça no exterior (que dá para os arcos da Ribeira, para a Rua dos Canastreiros e a Viela do Buraco), avançou-se com uma “obra de joalharia” no interior. “Tudo o que se conseguiu preservar, foi preservado”, anota Elsa Couto. “É como estar no coração dinâmico da Ribeira, sentir o rebuliço e a vibração do centro da cidade e ao mesmo tempo ter um refúgio.”

Há um bar funcional na recepção da Gran Cruz House — ou uma recepção no bar desta casa —, onde não faltam as garrafas que são o fruto dos 130 anos de existência que a marca tem vindo a comemorar. O vinho do Porto e do Douro são os grandes protagonistas na Gran Cruz House, desde os apontamentos da decoração ao longo de todo o edifício até à garrafeira do restaurante com mais de 60 referências disponíveis, passando inclusive pela garrafa de Porto Cruz que nos espera no quarto (Branco ou Pink no Verão, Tawny ou Ruby no Inverno). Há um elevador que acompanha a luz da clarabóia, um dos sobreviventes da história da casa. Aqui, cada quarto é um quarto. Não existem dois iguais. Pink , White, Ruby, Tawny, Reserve, Vintage e o “nosso” LBV.

A cada um foi dada uma nomenclatura das diferentes famílias do Vinho do Porto e uma decoração específica inspirada na paleta cromática da campanha Porto Cruz sob o slogan “País Onde Negro é Cor” onde a figura central é a Mulher de Negro, um ícone da marca que existe há quase quatro décadas e que tem funcionado como um elogio simultâneo ao lado mais colorido e misterioso da alma portuguesa. O barro das encostas, o pastel das cestarias, os azuis e amarelos da azulejaria. E às ordens de cada um dos quartos, para além do trabalho da Nano Design na concepção dos interiores, foi lançado o desafio a um conjunto de sete artistas contemporâneos para reinterpretarem a Mulher de Negro: Ângela Ferreira (Kruella D’Enfer), Albuquerque Mendes, João Jales, Jorge Curval, José Emídio, Rui Anahory e Tamara Alves. Assim, as portas das casas-de-banho deixaram de ser portas para passarem a ser peças. Esta é sem dúvida uma ponte clara com os ciclos de arquitectura, desenho, ilustração e moda que têm sido aposta do Espaço Porto Cruz, na outra margem do rio.

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Do lado de cá, abre-se a janela e deixa-se entrar o Porto. Temos a Ribeira lá fora. Temos a Ribeira cá dentro. Um Porto à mão.

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A Fugas esteve alojada a convite da Gran Cruz House

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