Comportamento de Serena Williams divide opiniões

Pela primeira vez em 80 anos, os últimos oito torneios do Grand Slam sagraram oito vencedoras diferentes.

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epa/JASON SZENES

Houve quem comparasse a final feminina do Open dos EUA a uma tempestade em que Naomi Osaka foi a única sobrevivente. Ou a um combate de pesos-pesados, em que Serena Williams fez de Mike Tyson e “mordeu” a orelha do árbitro. Unânime foi a constatação de que o “duelo” particular entre a norte-americana e o árbitro Carlos Ramos ensombrou a primeira vitória da jovem Osaka no Grand Slam.

Após um set totalmente dominado pela japonesa de 20 anos, Serena entrou mais determinada. Mas, no segundo jogo, o árbitro português advertiu a norte-americana por receber instruções do seu treinador (“coaching”), que após o encontro viria a admitir ter quebrado as regras. Serena não gostou, frisou que nunca fez batota e exigiu um pedido de desculpas. Ainda mais motivada, a norte-americana quebrou o serviço da adversária para 3-1 – o único break-point que Osaka perdeu dos 22 que enfrentou nas últimas três rondas do Open (seis na final).

As muitas polémicas de Serena Williams dentro e fora do campo

Só que a irregularidade de Serena voltou e duas duplas-faltas contribuíram para o break de Osaka. Irritada, Serena partiu a raqueta, violando pela segunda vez o código de conduta (“racquet abuse”) e, consequentemente, perdendo o primeiro ponto do sexto jogo. A detentora de 23 títulos do Grand Slam voltou a reagir mal, recordando a Carlos Ramos que não devia ter recebido a primeira penalização.

Mas Serena cedeu o quarto break e, na troca de campo após o 3-4, continuou a acusar Carlos Ramos, chamando-lhe “ladrão” e “mentiroso”. Acusações muito fortes que colocaram em causa a integridade do árbitro, que não teve outra opção senão aplicar-lhe nova violação do código de conduta (“verbal abuse”): sendo a terceira, o castigo foi de um jogo de penalização. Osaka passou a liderar por 5-3 e não tremeu quando, dois jogos depois, serviu para fechar o encontro.

Esta foi a terceira vez em que Serena não conseguiu controlar as suas emoções no Open dos EUA: em 2009, na meia-final com Kim Clijsters, agrediu verbalmente uma juíza-de-linha, acabando por sofrer um ponto de penalidade por parte de Louise Engzell – e perdendo o encontro (6-4, 7-5); dois anos depois, na final em que perdeu (6-2, 6-3) com Samantha Stosur, foi multada em 60 mil euros por chamar à árbitra Eva Asderaki “conflituosa” e “pouco atraente por dentro". Desta vez o total da multa pelas três ofensas cometidas foi de 14.700 euros.

Osaka não conseguiu evitar as lágrimas na entrega de prémios, devido aos assobios com que grande parte dos 24 mil presentes no Arthur Ashe Stadium continuavam a mostrar o seu desagrado, mas Serena, também ela a chorar, apelou aos aplausos à jovem vencedora do Open, que não parece muito preocupada com a mudança que possa advir deste triunfo. “O que quero agora é gelado de chá verde. Se a minha vida mudar assim, vai ser fixe”, diria mais tarde.

E pela primeira vez em 80 anos, os últimos oito torneios do Grand Slam consagraram oito vencedoras diferentes.

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