Porto pode vir a tornar-se "cidade-piloto" da mobilidade aérea da Airbus

Desafio foi lançado por representante da Airbus num encontro organizado pelo CEIIA, em Matosinhos.

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O encontro sobre mobilidade aérea urbana decorre no CEIIA, em Matosinhos Fernando Veludo/Nfactos

A representante da Airbus Isabel Del Pozo admitiu esta sexta-feira, em Matosinhos, a possibilidade de o Porto "vir a tornar-se uma cidade-piloto" da mobilidade aérea urbana. A gigante da aviação é uma das entidades que está a participar no encontro "Urban Air Mobility - UAM", a decorrer desde quinta-feira no Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto (CEiiA), em Matosinhos.

O evento é realizado no contexto da Associação Europeia de Centros de Investigação em Aeronáutica (EREA), que reúne jovens investigadores dos 15 maiores centros de investigação europeus. Isabel Del Pozo foi questionada por Pablo Perez-Illana, investigador em aviação da Comissão Europeia, e admitiu a possibilidade de o Porto poder vir a tornar-se uma "cidade-piloto", ou seja, espaço para teste de soluções de mobilidade urbana através de "novos tipos de transportes aéreos".

A iniciativa Urban Air Mobility, que pretende reunir cidades, cidadãos e empresas num sistema inovador e inteligente de transporte, é liderada pela fabricante Airbus, com o apoio da Comissão Europeia, e já se realiza em algumas cidades como Plovdiv (Bulgária), Bruxelas (Bélgica), Genebra (Suíça) e Hamburgo (Alemanha).

Num encontro onde, para além de soluções e partilha de ideias, também se abordaram os "grandes desafios" que a área da aeronáutica enfrenta, Isabel Del Pozo afirmou que "para a Airbus a solução é o céu", mencionando as actividades que a empresa fabricante de aeronaves tem em curso desde 2016 como o projecto Voom, o City Airbus e o Vahana.

Contudo, a representante não deixou de salientar que para que novos projectos se desenvolvam é necessária "uma nova regulamentação europeia, um novo conceito operacional e o treino de pilotos". A "regulamentação europeia" e a "certificação" dos projectos apresentados foram também questões de debate levantadas por outros investigadores como Tiago Rebelo, responsável pela área de engenharia de produção para os oceanos, aeronáutica e espaço do CEiiA.

"A maior parte da investigação que se faz leva alguns anos, às vezes até décadas, a ter uma nova aplicação na indústria e a chegar ao consumidor. Portanto, aí a legislação e a certificação são áreas extremamente conservadoras e que pouco evoluíram", explicou Tiago Rebelo à Lusa.

Ainda durante o encontro, Pablo Perez Illana apresentou o novo programa para a área de aeronáutica Horizon Europe Programme, que vai decorrer entre 2021 e 2027, e salientou que a aplicação destas tecnologias inovadoras pode surgir "mais depressa do que acreditamos, mas mais devagar do que é desejado".

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