Facebook só faz duas perguntas sobre a confiança nas fontes de notícias

Os resultados vão influenciar a credibilidade que os algoritmos do Facebook dão a cada organização noticiosa.

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A empresa defendeu que inquéritos complexos podem ser confusos Reuters/YVES HERMAN

O inquérito de confiança do Facebook, em que pergunta aos utilizadores a sua opinião sobre diferentes órgãos noticiosos, resume-se a duas perguntas: “Conhece estes sites/órgãos?” (a resposta limita-se a “sim” ou “não”) e “Quanto é que confia neles?” (o utilizador pode avaliar numa escala de um a cinco).

Os resultados vão influenciar a credibilidade que os algoritmos do Facebook dão a cada organização noticiosa. Foi há uma semana que a rede social – que tem mais de dois mil milhões de utilizadores mensais – anunciou que ia começar a utilizar inquéritos para determinar rankings de notícias de confiança. A proposta minimalista, porém, tem sido criticada nas redes sociais por ser fácil de manipular.

“Já preenchi inquéritos mais robustos sobre restaurantes de fast food”, criticou, no Twitter, Rani Molla, responsável por jornalismo de dados no site de tecnologia Recode. Já Chris Williams, editor de negócios no jornal Telegraph, acrescenta que “é difícil de ver [estes] inquéritos do Facebook como algo mais que uma forma de diminuir a sua responsabilidade sobre a integridade do seu serviço".

O responsável pelo feed de notícias do Facebook, Adam Mosseri, defende a empresa. “Compreendo que algumas pessoas se assustem com a simplicidade do inquérito, mas utilizar inquéritos complexos pode ser muito confuso e enviesar os resultados”, escreveu no Twitter. 

O responsável acrescenta que a “confiança” é apenas um dos muitos parâmetros que o Facebook está a avaliar para fazer o ranking dos órgãos noticiosos, e que não há uma solução perfeita para os problemas que a rede social quer resolver. "Experimentar sempre foi a melhor práctica."

O novo inquérito do Facebook faz parte de uma série de medidas que a rede social tem tomado no último ano para combater a proliferação de informação falsa na rede social. Desde as eleições presidenciais norte-americanas em 2016 que o Facebook tem sido alvo de atenção negativa devido à influência de notícias falsas, em parte com origem russa, na opinião dos eleitores americanos. Este mês, além de anunciar um ranking para órgãos noticiosos criado com base na opinião dos utilizadores, a rede social também anunciou que vai dar ainda mais prioridade a publicações dos amigos e familiares.

Em declarações à BBC, Nic Newman, do Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo, descreve o novo inquérito do Facebook como uma “boa ideia”, mas diz que o resultado depende da forma como as respostas forem aplicadas: “O poder do inquérito não são as duas perguntas, mas a forma como o Facebook pode combinar as respostas com o resto da informação que já tem."

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