Trump falou em intervir na Venezuela e deixou a América Latina em sobressalto

Mercosur condenou declarações do Presidente dos EUA, que não descartou intervenção militar na Venezuela. Caracas diz que palavras de Trump são "loucura".

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Nicolás Maduro acena muitas vezes com a ameaça imperialista dos EUA Reuters/UESLEI MARCELINO

Há um novo continente enervado com uma declaração de Donald Trump. O Presidente dos EUA disse não excluir uma “opção militar” na Venezuela, quebrando um tabu de sucessivas Administrações que tentaram nas últimas décadas apagar o lastro de intervenções militares na América Latina durante a Guerra Fria.

“Não vou descartar a opção militar, [a Venezuela] é nossa vizinha e temos tropas em todo o mundo”, disse Trump aos jornalistas.

O Pentágono veio pouco depois esclarecer que não foi dada qualquer indicação para mobilizar forças militares para a Venezuela. Mas as declarações de Trump foram suficientes para motivar o Peru – um dos críticos do regime de Nicolás Maduro – a emitir uma declaração a condenar qualquer plano de intervenção.

“Todas as ameaças internas ou externas de recurso à força põem em causa o objectivo de repor a governação democrática na Venezuela”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Ricardo Luna, através de um comunicado citado pela Reuters. 

Também o Presidente boliviano, Evo Morales, apoiante do regime venezuelano, condenou os planos de Trump, ao mesmo tempo que apontou a mira ao líder da Organização dos Estados Americanos, Luis Almagro, que acusa de ter alimentado “acções de cariz intervencionista contra a Venezuela”.

O Mercosur, bloco regional da América do Sul, também emitiu um comunicado em que condena a ameaça de intervenção militar externa na Venezuela e diz que apenas o diálogo e a diplomacia são aceitáveis. Na semana passada, o organismo suspendeu Caracas indefinidamente.

O Governo venezuelano qualificou as palavras do Presidente norte-americano de “loucura”. O Presidente Maduro refere frequentemente a ameaça imperialista dos EUA que pende sobre a Venezuela – e as declarações de Trump terão dado munições para os apoiantes do regime.

O Ministro da Informação, Ernesto Villegas, publicou no Twitter uma imagem da Estátua da Liberdade com uma metralhadora na mão e um link para um texto com o título “cronologia das ‘opções militares’ dos EUA na América Latina e nas Caraíbas” no site da juventude partidária do partido do poder.

A contestação contra Maduro e as decisões da recém-instalada Assembleia Constituinte regressa este sábado às ruas de Caracas. A Mesa de Unidade Democrática, que agrega várias formações da oposição, convocou uma marcha para a capital, num protesto contra a destituição de dois autarcas por ordem do Supremo Tribunal, controlado pelo chavismo.

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