Tancos: cinco comandantes demitidos na sequência de furto

A informação foi avançada à RTP pelo chefe do Estado-Maior do Exército, Rovisco Duarte. Demissão é temporária.

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miguel madeira/ARQUIVO

O Chefe do Estado-Maior do Exército Rovisco Duarte revelou no Telejornal da RTP deste sábado que decidiu “exonerar os cinco comandos das unidades que estão ligados” aos processos de averiguações abertos após o furto de material de guerra em Tancos, Santarém, para que não interferissem com estes.

Os oficiais exonerados são o comandante da Unidade de Apoio da Brigada de Reacção Rápida, o comandante do Regimento de Infantaria 15, o comandante do Regimento de Paraquedistas, o comandante do Regimento de Engenharia 1 e o comandante da Unidade de Apoio de Material do Exército. O porta-voz do Exército esclareceu que as exonerações de cinco comandantes decididas pelo chefe do ramo são temporárias e vigoram até serem concluídas as averiguações ao furto de material de guerra em Tancos.

Rovisco Duarte disse que decidiu exonerar os comandantes "por uma questão de clareza e para não interferirem com o processo de averiguações até se esclarecer". O general adiantou que determinou três processos de averiguações à segurança dos Paióis Nacionais de Tancos, a realizar pela Inspecção-Geral do Exército, no que respeita à armazenagem, à questão da intrusão, envolvendo todas as unidades, e ao sistema de vigilância.

Estas decisões foram tomadas na sequência de um primeiro relatório-síntese que lhe foi apresentado na tarde deste sábado, adiantou. Questionado sobre se ponderou demitir-se, Rovisco Duarte recusou o cenário. "Quando se coloca problemas de demissão, não me passa minimamente pela cabeça”, afirmou. 

Exército atingido no "orgulho e prestígio"

Rovisco Duarte admitiu desconforto pelo ocorrido, acrescentando que o Exército foi atingido "no orgulho e prestígio" e considerando que o episódio foi "particularmente ingrato" porque, diz-se, tem vindo "pessoalmente a fazer um esforço para a vigilância e segurança das unidades". O responsável sublinhou que, em conjunto com outros oficiais generais do Comando do Exército, tomou “medidas concretas para implementar sistemas de vigilância e de controlo".

O responsável confirmou a lista do armamento roubado noticiada pelo Diário de Notícias - 44 lança-granadas, quatro engenhos explosivos, 120 granadas de mão e 1500 munições de nove milímetros - e adiantou que o furto terá ocorrido "noite/madrugada" entre duas rondas. Rovisco Duarte disse ainda que irá alterar o sistema de rondas.

O general reiterou que, "pessoalmente", admite a possibilidade de ter havido fuga de informação face às "evidências" conhecidas, frisando que foram escolhidos dois paióis específicos em 20 e não eram os que estavam mais próximos da entrada. Anteriormente, neste sábado, o general Rovisco Duarte tinha reconhecido que quem roubou o material de guerra do quartel de Tancos tinha "conhecimento do conteúdo dos paióis" e admitiu a possibilidade de fuga de informação. 

Existe o receio de que o material roubado de Tancos possa ser usado para fins terroristas. Por essa razão, a Unidade Nacional de Contraterrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária vai participar nas investigações ao furto de armas e material bélico, escreveu o Diário de Notícias na edição deste sábado, citando uma “fonte autorizada” da direcção nacional da polícia. O Governo não confirma.

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