Uma app vai permitir que os doentes avaliem os hospitais do SNS

Chama-se MySNS e é uma aplicação para telemóvel. Através dela, os utentes vão poder, por exemplo, receber os resultados das análises e exames no telemóvel.

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Aplicação foi apresentada numa conferência esta sexta-feira Rui Gaudêncio
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Aplicação foi apresentada numa conferência esta sexta-feira Rui Gaudêncio

Um utente sai do centro de saúde depois de uma consulta com o seu médico de família. Um outro doente dá entrada numa urgência, fica internado no hospital e ao fim de alguns dias tem alta. Na maioria dos casos, até agora, só se as unidades do Serviço Nacional de Saúde (SNS) recolhessem directamente informação sobre estas duas experiências é que era possível ficar a conhecer o grau de satisfação dos utentes. Com o MySNS, uma aplicação apresentada nesta sexta-feira numa conferência sobre a Transformação Digital na Saúde, em breve vai ser possível que o doente receba um inquérito no seu telemóvel logo após as consultas ou os internamentos.

A aplicação, disponível para Android e para iPhone, já pode ser descarregada gratuitamente pelos utentes, apesar de ainda estar em fase de correcções, explicou ao PÚBLICO Henrique Martins, o presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde, organismo responsável por desenvolver esta ferramenta. Nesta fase inicial, segundo o responsável, os utentes vão ter já acesso a uma “nova geração do cartão do utente”, ou seja, um documento electrónico que contém informações como o número de utente do SNS, o médico de família e o centro de saúde em que estão inscritos.

O objectivo é que ao longo do primeiro semestre deste ano o MySNS vá crescendo e oferecendo outras possibilidades, como a “avaliação da satisfação com uma consulta ou um internamento hospitalar”. “No dia a seguir vamos querer que as pessoas façam um rating, como acontece já hoje com os hotéis, que mandam um email a perguntar se gostámos ou não”, acrescentou Henrique Martins. Este inquérito está a ser criado a pedido do Ministério da Saúde e pretende “incentivar as unidades a preocuparem-se com a orientação [dos serviços] para o cidadão”. Ao mesmo tempo, “cria-se um benchmarking digital mais rápido”.

Guia de tratamentos no telemóvel 

Para já, além do cartão de utente do SNS, o MySNS também tem um cartão electrónico para os beneficiários da ADSE, com Henrique Martins a lembrar que só em Dezembro foram 90 mil os beneficiários deste subsistema de saúde a utilizarem consultas do SNS. “Vamos também disponibilizar na aplicação a guia de tratamento das receitas”, explicou. Com a receita electrónica os utentes recebem uma mensagem escrita no telemóvel, bastando mostrar essa mensagem na farmácia para aviar a receita. “Mas havia muita gente a dizer que precisava na mesma de ter o papel para ter a guia de tratamento de como tomar o medicamento”, justificou Henrique Martins. Desta forma, a guia fica disponível na app.

Outra das ideias já em fase de testes diz respeitos aos exames e análises. À semelhança do que acontece com as receitas, os utentes vão poder chegar aos laboratórios com convenção com o SNS e mostrar apenas a mensagem escrita para fazer o exame. Depois, vão poder receber os resultados no email, sem terem de se descolar para levantar os documentos. O responsável dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde considera que esta digitalização também será útil para os médicos, que vão poder aceder facilmente aos resultados dos doentes. “Entre 5% a 10% das análises que são feitas nos convencionados e pagas pelo SNS não chegam a ser mostradas ao médico que as pediu, o que é um grande desperdício”, exemplifica.

Testamento vital no telemóvel

Henrique Martins adiantou também que no MySNS os cidadãos vão conseguir centralizar várias informações, como as alergias que têm, as vacinas ou até o testamento vital. A ideia é que também venham a marcar online consultas no centro de saúde. Em relação ao actual portal do SNS, onde alguns destes serviços já estavam disponíveis, há uma clara vantagem: “A diferença é que funciona offline e posso ter o testamento vital e as restantes informações no telemóvel mesmo sem Internet”, sublinha o presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde.

O responsável deste organismo que gere a central de compras do Ministério da Saúde e a modernização informática reconhece que muitos portugueses ainda não têm telemóveis com capacidade para instalar este tipo de aplicações, mas defende que com esta modernização querem, sobretudo, aproximar-se dos utentes mais jovens.

Questionado sobre se os centros de saúde e os hospitais têm sistemas informáticos capazes de responder a estas novidades, Henrique Martins disse que estão a fazer “um grande esforço de investimento”, sobretudo ao nível dos centros de saúde, tanto para mudar os equipamentos como para melhorar as condições das redes informáticas.

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