Cartas ao Director

Rumos do centro-esquerda na Europa

A desistência de François Hollande de concorrer às presidenciais, reconhecendo que há grandes divisões no Partido Socialista Francês, revela no fundo a grave crise que graça na Europa em todo o centro-esquerda. É uma área ideológica que repudia a extrema-esquerda e naturalmente muitos trabalhadores, repudia também a direita pelos compromissos desta com os grandes interesses económicos e financeiros, dispostos sempre a sacrificar o trabalho a favor do capital.

Ora, os socialistas na Europa têm vindo há algumas décadas, para manter-se no poder, a fazer alianças preferentemente com partidos da direita. E o resultado tem-se manifestado negativo para os socialistas, que foram perdendo a coerência e transigindo sistematicamente com os interesses que combatiam.

Essa ambiguidade tem conduzido a sucessivas reduções no seu peso político por toda a Europa. E as consequências tornaram-se evidentes: subida dos partidos à esquerda e também dos da extrema-direita, alimentando-se para o efeito de práticas populistas para conquistar um eleitorado amorfo e imediatista. A actual experiência das esquerdas portuguesas pode revelar-se didáctica.

António Catita, Lisboa

Despenalizar a morte assistida e o Código Penal

É habitual,  talvez por uma questão de preguiça semântica, falar e escrever que a questão suscitada pela petição sobre a “morte assistida”  terá como objecto pretendido a sua “despenalização”. Ora, lavra-se aqui num claro erro. Se a chamada “ morte assistida” (eufemismo de eutanásia ou suicídio assistido) não se pratica no nosso país que sentido faz falar da sua despenalização?

Com efeito o que a referida petição  questiona de facto são os artigos do Código Penal que interditam e penalizam o “homicídio a pedido da vítima” (artigo 134º) ou o “incitamento ou ajuda ao suicídio”(artigo 135). Não sabemos quantos casos de infracção a estes artigos estão registados, mas seria interessante saber quantos réus foram julgados por tais crimes. A dita despenalização visa condicionar esses artigos para autorizar ou regulamentar a chamada “morte assistida” com fins mais ou menos restringidos, em geral em situações de doença terminal. Não se trata pois de “despenalizar a morte assistida” como se diz na petição, mas de fundar, instaurar e regulamentar a morte a pedido.

José Manuel Jara, Lisboa

A vigarice dos saldos

Dizia o meu tio que nos dias de casamentos e baptizados  ficávamos a saber a fome que passávamos durante o ano. Da mesma maneira nos dias de saldos é que ficamos a saber quanto somos roubados durante o resto do ano.

Exemplificando. Se hoje eu compro uma coisa por 20 que ontem custava 100 (80% de desconto)  quer dizer que essa coisa estava a ser vendida com pêlo menos 400% de lucro. Isto não comércio justo, isto é burla, vigarice, ou roubo.

Quintino Silva, Paredes de Coura

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