The Cure até que a voz nos doa

Fotografia: Miguel Manso
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Fotografia: Miguel Manso

Três horas de concerto, 31 músicas e uma guitarra preta com uma estrela branca que existe para tocar aquela música ("Pictures of You"). Mais uma maratona dos The Cure em que os fãs aproveitaram para fazer um "check-up" ao estado de Robert Smith, uma espécie de avaliação regular (de quatro em quatro anos) do estado geral do vocalista, o mesmo do gingar de ombros e do jeito de marioneta desgovernada que a qualquer momento pode saltar do lado de lá do espelho para nos espetar uma flecha no coração ou para nos servir de banquete hoje à noite, os mesmos lábios pintados, que transformam letras em "love songs" e a língua de fora — assanhada em "Fascination Street", como tem que ser, e cansada por os falsetes, noutros tempos apaixonantes, teimarem em fugir. As pessoas que encheram o MEO Arena, esta terça-feira, souberam respeitar essas debilidades como se fossem suas, principalmente nos encores (sim, "encore" vezes três), apoteose de clássicos. "Friday I'm in Love", "Just Like Heaven", "Boys Don't Cry", "Lullaby", "Hot Hot Hot!!!", "Close to Me" e "Why Can't I Be You?", tema gritado por muitos, dito por Robert Smith, uma mão no micro e outra na garganta, esgotada, como que a pedir desculpa por chegar esfalfado. "Não faz mal. Cantamos nós por ti", parecia ressoar na plateia, quarentona, pronta para mais três horas, para mais 31 músicas, para mais um concerto em que fechamos os olhos e vemos fotografias de nós próprios.

Fotografia: Miguel Manso
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