Nuno Roque estreia nos EUA “My Cake”, um filme onde o género “não é importante”

"My Cake", curta do jovem realizador português Nuno Roque, é exibida este sábado no Transgender Film Festival, em São Francisco. Um filme que "lembra que não vale a pena construir muros sociais"

A curta-metragem "My Cake", do realizador português Nuno Roque, estreia-se este sábado, no Roxie Theater, em São Francisco, integrado no 15.º Transgender Film Festival.

É um filme que "lembra que não vale a pena construir muros sociais", como descreve o realizador à agência Lusa. "'My Cake' é o primeiro filme de uma série de trabalhos em torno do tema identidade. É uma colecção de imagens e momentos, que celebram diferentes personalidades numa mesma pessoa, porque ninguém é unidimensional. Somos todos complexos, surpreendentes e contraditórios", explicou Nuno Roque.

Produzido em França e na Suíça, o filme já foi exibido em vários festivais, cidades e museus em França, Canadá, Bélgica, Espanha, Alemanha, Bósnia-Herzegovina, Rússia e República da Macedónia. Foi também nomeado a vários prémios internacionais, incluindo o Blooom Award na Alemanha e o Prix Videoformes em França. Roque, de 28 anos, diz que a estreia do filme nos Estados Unidos da América (EUA), quatro dias depois de Donald Trump ser eleito presidente do país, ganha outra importância. "As pessoas estão desencantadas, o país dividido, e este festival é um evento de inclusão, de arte, e um espaço para celebrar todas as minorias, e para resistir ao medo. O meu filme não é um filme transgénero, é um filme onde o género simplesmente não é importante, e que tenta lembrar que é essencial que a natureza de cada um seja respeitada por todos, na lei e no quotidiano. Todos temos qualidades masculinas e femininas. Eu deixo essas qualidades da minha personalidade serem expostas nas minhas obras", explica.

Foto
Nuno Roque

O realizador diz que o seu "filme lembra que não vale a pena construir muros sociais, pois um dia, mais cedo ou mais tarde, todos os muros cairão." Nuno Roque, que vive e trabalha em Paris desde 2006, desenvolve um trabalho multidisciplinar que vai da música, ao cinema, escultura, fotografia, representação, dança, mimo e moda. Começou a sua carreira em criança, como cantor, participando em programas de televisão como "Super Bueréré" ou "Big Show SIC". Entrou com 14 anos na Academia Contemporânea do Espectáculo, no Porto, aos 17 foi para o Rio de Janeiro estudar cinema na Casa das Artes de Laranjeiras e, aos 18, chegou a Paris para entrar na École Internationale de Théâtre Jacques Lecoq.

Fez parte da trupe da encenadora Irina Brook, no espetáculo "Pan", em 2011, entrou nas óperas "La Traviata", de Giuseppe Verdi, "A Flauta Encantada", de Mozart, "Dido e Eneias", de Henry Purcell, e "C'était Marie-Antoinette", encenadas pelo francês Jean-Paul Scarpitta. Em 2009, criou uma equipa de produção independente, La Mafia dell' Arte, que reúne artistas de vários países e, em 2014, aderiu a uma plataforma digital que reúne artistas emergentes, intitulada Arte Creative, patrocinada pelo canal televisivo franco-alemão Arte.

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