Uma semana seria muito pouco para o museu temporário de Coimbra

Projecto que divulga as memórias do comércio da Baixa de Coimbra mantém-se até ao fim de Setembro com nova programação

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O museu começou por estar inserido no evento Sons da Cidade, mas ganhou vida própria Nelson Garrido

O Museu Temporário de Memórias deveria abrir portas na Baixa de Coimbra ao longo de pouco mais de uma semana, durante o Sons da Cidade. No entanto, o projecto que nasceu no âmbito da iniciativa que assinala a classificação da Universidade de Coimbra (UC) como património da UNESCO vai ficar aberto até ao final de Setembro, para continuar a reavivar a história das lojas locais. 

O projecto foi financiado pelo município e pela universidade, que organizam o Sons da Cidade, mas a Agência para a Promoção da Baixa de Coimbra (APBC) analisou o impacto do Museu Temporário de Memórias (MTM) e decidiu apoiar uma extensão do projecto. O presidente da APBC, Vítor Marques, explicou ao PÚBLICO que, dado o trabalho desenvolvido para criar o MTM, fazia sentido mantê-lo aberto durante mais tempo. “O museu tem muito a ver com a história dos próprios comerciantes. Seria um desperdício de tempo e dinheiro” não aproveitar o que está feito, justifica.

Ricardo Kalash, que juntamente com Catarina Pires conceptualizou o Museu Temporário de Memórias, refere que, depois da “dinâmica” que se criou e do “trabalho de base junto dos comerciantes”, “era uma pena interromper”. A APBC acabou por “ter a mesma percepção”, o que possibilita não só continuar com as actividades, como apresentar novidades ao público numa agenda preenchida por exposições, concertos e outras actividades, como leitura de poesia.

Para além do percurso guiado pelo curador J. Delacroix (personagem interpretada por Ricardo Kalash para contar as histórias do estabelecimentos e trabalhadores), que existe desde Junho, foi montado um roteiro de pintura surrealista pela Baixa, em exposição desde a segunda semana de Agosto em várias montras de lojas fechadas. Os trabalhos do colectivo “The Cabo Mondego Section of Portuguese Surrealism” podem ser vistos através de um passeio pelas ruas da Baixa.

Outro dos novos pontos do programa do projecto com sede no antigo armazém da Sociedade de Fazendas de Coimbra, na Rua Velha, é um móvel interactivo desenvolvido pelo Departamento de Engenharia Informática da UC em parceria com o Jazz ao Centro Clube que contém os sons da cidade. A peça de mobiliário construída com base no Arquivo Sonoro do Centro Histórico de Coimbra, dirigido por Luís Antero, está em exposição no MTM. “Abrem-se gavetas e saem sons do arquivo sonoro”, sintetiza Kalash. O Círculo de Artes Plásticas de Coimbra (CAPC) entra igualmente neste prolongamento através da exposição “Memórias da Vanguarda 70”.

Para criar o museu, os artistas procuraram ouvir comerciantes e trabalhadores da Baixa, num trabalho que continua a ser feito. Com a colaboração da investigadora do Centro de Estudos Sociais, Sílvia Ferreira, está a ser criado um repositório online e, segundo Kalash, o objectivo é apresentar o arquivo “no fim de Setembro com todo o conhecimento que está produzido sobre a Baixa de Coimbra, desde a academia a estudos particulares”, ou seja, “material que estava disperso”.

Em Junho, arrancou também o projecto Há Baixa, em que estudantes universitários recuperaram uma casa e estabelecimentos comerciais daquela zona da cidade, tendo ainda montado um palco que não só serviria de apoio às intervenções como teria programação própria. Com actividade na mesma zona, os dois projectos foram-se “aproximando” e a estrutura montada pelos estudantes no largo do Romal vai ser palco de apresentações de “novos valores de Coimbra, quer na dança, quer na música”, entre outras iniciativas.

 

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