Alexandre Quintanilha é o cabeça de lista do PS no Porto

O PS já tem cabeças de lista. Há surpresas como Helena Freitas e Alexandre Quintanilha. Regressos como o de Margarida Marques, José Apolinário e Ascenso Simões. De há quatro anos apenas repetem Vieira da Silva e Paulo Pisco.

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Alexandre Quintanilha Fenando Veludo/NFACTOS

Alexandre Quintanilha, investigador recentemente jubilado, é o cabeça de lista do PS no Porto às legislativas do Outono. O convite foi aceite esta sexta-feira, dia em que o secretário-geral dos socialistas apresentou à comissão política do partido o conjunto de personalidades que encabeçam as listas nos diferentes círculos eleitorais do país.

Quintanilha não é o único académico que surge à frente de listas. Em Coimbra, a lista é encabeçada por Helena Freitas, professora da Universidade de Coimbra e especialista em ecologia. Esta é uma das seis mulheres que lideram listas eleitorais nestas legislativas pelo PS. Uma delas surge em Viseu: Maria Manuel Leitão Marques que coordenou a elaboração da Agenda para a Década e que foi secretária de Estado da Modernização Administrativa dos governos de José Sócrates

Em Braga, o número um será Manuel Caldeira Cabral, o economista que colaborou na elaboração do estudo macroeconómico coordenado por Mário Centeno que também será candidato, assim como Paulo Trigo Pereira.

Já em Viana do Castelo surge Tiago Brandão Rodrigues, bioquímico a trabalhar em oncologia na Universidade de Cambridge, que abandona a carreira como investigador permanente para se candidatar à Assembleia. da República pelos socialistas.

“Acredito que os próximos dois ou três anos são decisivos para o país. A pedra basilar da minha decisão é o meu impulso consciente para ajudar o meu país. É evidente que o faço sem uma visão messiânica do que vou fazer ou do que posso mudar. Mas o futuro do país é a preocupação de muitos dos que estão fora”, explica ao PÚBLICO Tiago Brandão Rodrigues, de 38 anos.

“Digo sim porque é essencial. Eu não podia dizer não ao convite. Só disse sim quando entendi que tinha liberdade total para dizer não”, sublinha o investigador, garantindo: “Saí antes mas combato a sangria demográfica, que eliminou conhecimento, a média do país baixou, o que teve um impacto grande na economia. Vou muito ao fim-de-semana a Portugal. Dá-me pena ver o aeroporto Francisco Sá Carneiro à noite.”

Tiago Brandão Rodrigues tem há dois anos um contrato permanente na Universidade de Cambridge que agora abandona para voltar a Portugal - de onde saiu em 1999, depois de se licenciar em Bioquímica na Universidade de Coimbra, onde regressaria para fazer doutoramento durante um ano e meio, a partir de 2002. Trabalhou como investigador no Texas, onde estava em 2001, na altura do ataque às Torres Gémeas, e em Madrid, aquando do atentado terrorista na estação de Atocha.

“Acima de tudo eu podia e devia dizer que não? É um desafio consciente. Às vezes é preciso desobedecer e eu desobedeci ao que seria a decisão normal de seguir a minha carreira como investigador. Tenho uma actividade sedimentada, que tem desafios constantes. Estou numa universidade que neste domínio de investigação médica é como o Real Madrid ou o Barcelona da ciência”, afirma ao PÚBLICO.

Mas confessa que falou mais alto “a preocupação com a ciência que nos últimos anos teve um tropeço” em Portugal. Isto porque considera que “a obra de Mariano Gago é conhecida internacionalmente e a acção governativa trôpega dos últimos anos destruiu essa obra”.

A sua decisão foi motivada também pelo apelo da sua região, o Alto Minho, e a sua terra, Paredes de Coura. "O Alto Minho para mim é vital. É o meu território de sonho e identitário. Se eu fosse uma cadeira duas das minhas pernas estariam ali". E remata: “É absolutamente necessário encontrar um ponto de inversão da interioridade profunda, aquela região continua a ser a periferia da periferia da Europa.”

Regressos à política
A lista de Leiria será liderada por Margarida Marques, antiga secretária-geral da Juventude Socialista, há anos a trabalhar em Bruxelas e que agora regressa à vida política activa. Outro regresso é o de José Apolinário, ele também antigo líder da JS, hoje especialista em pescas, que lidera a lista de Faro.

De regresso à corrida à Assembleia da República na frente da lista de Vila Real está igualmente Ascenso Simões, que dirige a campanha eleitoral socialista. Outro regressado é Bernardo Trindade, ex-secretário de Estado do Turismo no consulado de José Sócrates, que encabeça a lista da Madeira. Também de volta ao Parlamento surge Luís Capoulas Santos, ex-ministro da Agricultura com António Guterres e ex-eurodeputado responsável pelo relatório da PAC - Política Agrícola Comum.

Já na lógica da continuidade, há apenas dois cabeças de lista que repetem o primeiro lugar tal como há quatro anos. Vieira da Silva, antigo ministro do Trabalho e Segurança Social e depois da Economia de José Sócrates, é o cabeça de lista por Santarém. E Paulo Pisco mantém-se como número um pelo círculo eleitoral da Europa.

Por sua vez, a lista do círculo de fora da Europa é encabeçada por Alzira Serpa Silva, actual directora regional das comunidades portuguesas no Governo dos Açores.

Em nome da estrutura
Na lógica da representação das estruturas partidárias e do aparelho socialistas surgem à frente das listas alguns presidentes de federações. Destes, os mais novos, cuja candidatura em primeiro lugar procura responder à necessidade de renovação, são Ana Catarina Mendes, presidente da federação distrital de Setúbal que é primeira naquele círculo. Já em Aveiro cabe a Pedro Nuno Santos, líder da federação distrital, o primeiro lugar.

Em Bragança, o número um será Jorge Gomes, que é também membro do secretariado nacional e aí responsável pela organização. Em Portalegre, o número um é o presidente da federação, Luís Testa. E em Castelo Branco é a presidente da federação distrital, Hortense Martins.

Ainda numa lógica local, em Beja, o número um é Pedro do Carmo, presidente da Câmara de Ourique. E na Guarda, o cabeça de lista é Santinho Pacheco, ex-presidente da Câmara de Gouveia.

A lista de Lisboa é liderada pelo secretário-geral, António Costa. E a dos Açores pelo presidente do PS, Carlos César. Da direcção nacional, nomeadamente do secretariado nacional, deverão ser candidatos a deputados todos os seus membros, à excepção de Luís Patrão, responsável pelos funcionários do partido, assim como três autarcas: Maria do Céu Albuquerque (presidente da Câmara de Abrantes), Fernando Medina (presidente da Câmara de Lisboa), e José Manuel Pizarro (vereador na Câmara do Porto).

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