De falsário a mestre (mas só no cinema)

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Renoir, o filme de Gilles Bourdos que se estreia dia 26 em Cannes, tem um cameo impagável: as mãos do falsário Guy Ribes (na foto de baixo), que estava a viver na rua quando a produção o contratou

O Festival de Cannes, que anteontem se lançou em mais uma edição, também é feito de pequenas histórias como esta: um falsário (queremos acreditar que um ex-falsário) condenado a três anos de prisão (pena que chegou a cumprir) entra no novo filme de Gilles Bourdos, Renoir, que tem estreia marcada para dia 26, a fechar a secção Un Certain Regard.

Guy Ribes já passa dos 60 e vai emprestar as suas mãos ao "mestre" nas sequências do filme em que Pierre-Auguste Renoir estiver a pintar. O impressionista será interpretado por Michel Bouquet, o actor que em 2005 foi o antigo Presidente francês François Miterrand no cinema.

Renoir passa-se na Primeira Guerra Mundial e, segundo o diário britânico The Independent, centra-se nos dois últimos anos da vida do pintor, que morreu aos 78. É um período marcado por uma tristeza profunda - Renoir perdera a mulher - e pela incapacidade de criar, até que, graças a outro pintor, Henri Matisse, chega a sua casa Andrée Heuschling, uma rapariga de 16 anos que se tornaria sua musa (foi a modelo de Mulher Loira com Rosa e As Banhistas, considerada a sua última obra-prima).

Quando um dos filhos de Renoir, Jean, que viria a ser dos maiores realizadores de sempre do cinema francês, regressa da frente de batalha para convalescer e se instala na casa do pai, rende-se de imediato aos encantos de Andrée, com quem se casa depois da morte do mestre.

O filme não podia ter vindo em melhor altura, disse ao Independent o advogado do falsário - depois de ter feito parte de um esquema ilegal que chegou a envolver milhões de libras, Guy Ribes estava a viver na rua quando a produção o contratou.

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