Na Rua Brito Capelo dá-se a volta ao mundo à boleia da National Geographic

Até o final da Outubro, 60 imagens do arquivo com 230 anos da revista estão expostas nesta rua comercial de Matosinhos que nas últimas duas décadas perdeu o fulgor para as grandes superfícies comerciais. Serve também a exposição Imagens Icónicas para atrair visitantes para aquela artéria, onde muitas das lojas estão encerradas.

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Paulo Pimenta
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É ao longo da Brito Capelo, principal rua comercial de Matosinhos, que se estende o mundo em 60 imagens. Em poucos metros de distância entre destinos, viaja-se da China à Noruega, da Itália ao Camboja, dos Estados Unidos à Etiópia ou da Índia a Moçambique. O percurso é feito à boleia dos 230 anos de história da revista National Geographic que em parceria com a autarquia local e com a agência de viagens de aventura Nomad transformou aquela artéria numa galeria a céu aberto. Servirá esse propósito até 31 de Outubro.

Outra meta, traçada pela câmara, é atrair visitantes a uma zona deprimida da cidade que ao longo das últimas duas décadas foi perdendo o fulgor para as grandes superfícies que se foram instalando em torno da cidade e um pouco por todo o Grande Porto.

Começa no mercado municipal, remodelado no final da década passada, e termina na entrada da Avenida da República, que corta a Brito Capelo a meio e delimita a zona em que deixa de ser pedonal e passa a ser passagem de tráfego automóvel.

No mercado, os painéis com altura superior a 1,5 metros onde estão impressas as fotografias estão no piso superior, onde está instalada a Incubadora de Design, que ali alberga algumas dezenas de empresas da área.

Na rua, num percurso de aproximadamente um quilómetro, os painéis estão dispostos dos dois lados da artéria cortada pela linha do metro a uma distância de poucos metros entre eles.

Em contraste com o cinzento das fachadas de alguns prédios que agora estão vazios, a rua ganhou cor. Os tons contrastados que caracterizam o trabalho de fotografia desta revista remetem-nos para um tempo em que aquela que já foi uma das salas de visita mais importantes da cidade vivia do rebuliço e movimento que ali se gerava. Tempos em que a paleta de néons das lojas, muitas delas agora fechadas, sinalizavam e provavam que ali havia a vida, anos depois transferida para outras paragens.

Nesta segunda-feira, dois dias após a inauguração, fizemos esse roteiro pedonal. Havia quem tivesse programado fazer o mesmo. Duas irmãs naturais de Matosinhos, Manuela e Ana Paula Cardoso, que conhecem a rua “desde sempre”, foram lá parar atraídas pela exposição que ali está patente.

A rua não está “no seu melhor”, nem vive o melhor período em termos de comércio, como já tínhamos constatado há pouco mais de dois anos, quando lá estivemos em reportagem. As duas recordam-se dos tempos em que aquela artéria se enchia de gente numa base diária, quando pouca ou nenhuma loja estava desocupada. A milhas dessa pujança, acreditam serem estas iniciativas uma ajuda para que pelo menos “mais alguns” se sintam motivados a voltar ao comércio tradicional

“Há pouco tempo a câmara criou uma iniciativa que passou por espalhar umas floreiras pela rua”, recorda Nélson Sá, há 12 anos comerciante na Brito Capelo. Não houve resultados imediatos, mas “serviu como ponto de partida”, diz. Chegou de férias no dia em que conversamos. Só quando abriu a loja de manhã é que percebeu que estava montada uma exposição. Ao longo do dia foi dando conta de alguns “curiosos” que rondavam os painéis. “É preciso é que façam mais iniciativas como esta”, afirma.

Menos optimista está Maria Guimarães, gerente de uma sapataria há quase 20 anos. “Não falta muito para tudo isto fechar”, arrisca dizer, aludindo ao destino que tiveram muitas lojas que actualmente estão encerradas. Como outros comerciantes, considera que a opção pela construção da linha do metro sentenciou o estado actual da artéria. Outro senão diz ser a falta de estacionamento. Não se opõe a qualquer iniciativa que tenha em vista dar a conhecer que a rua, apesar de ser pouco frequentada, “ainda existe”, mas não acredita que alguma vez se volte ao movimento do passado. Reconhece que as grandes superfícies oferecem “outras condições”, mas observa que esta zona foi esquecida pela autarquia.

A exposição Imagens Icónicas reúne uma pequena parte do arquivo composto por fotografias da autoria de pesquisadores, exploradores, aventureiros, cientistas e fotógrafos que captaram momentos da vida selvagem ou acontecimentos históricos relevantes à escala global para a National Geographic.

Diz a câmara em comunicado que esta iniciativa é também uma “contribuição para a revitalização” da rua que considera “a principal artéria comercial de Matosinhos.

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