PS recandidata cinco "dinossauros" contra orientação da direcção

As recandidaturas de antigos presidentes de câmara estão na moda. O PS tem cinco, o PSD 11, o BE uma e há dez que se apresentam como independentes.

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O mais conhecidos dos dinossauros do PS que estão de regresso Miguel Madeira

O PS tem cinco antigos presidentes de câmara que se candidatam nos municípios que lideraram ou noutros, contrariando a orientação que tinha sido dada pela direcção do partido em Outubro de 2016.

Dois deles concorrem em municípios novos: Joaquim Raposo, em Oeiras; e António Eusébio, em Faro. E três disputam a presidência das câmaras a que presidiram no passado: José Veiga Maltez, na Golegã; António Murta, em Vila Real de Santo António; e João Noronha, em Ribeira de Pena.

A secretária-geral adjunta do PS, Ana Catarina Mendes, defende em declarações ao PÚBLICO que estes cinco casos não põem em causa os critérios adoptados pela direcção socialista para as autárquicas, uma vez que o apelo a que antigos presidentes de câmara não se recandidatassem foi feito a título de “orientação”, e não integrava o documento com os critérios de candidatura aprovados pela comissão nacional em 14 de Outubro de 2016.

Nessa reunião, “houve outros critérios aprovados num documento, mas este não ficou escrito, foi apenas assumido a título de orientação, foi dito que era preferível que não o fizessem”, explica a secretária-geral adjunta (em 2013, o PS impediu os então “dinossauros” de voltarem a entrar na corrida, ao contrário do que aconteceu no PSD).

Os critérios constantes do documento aprovado pela comissão nacional, a que o PÚBLICO teve acesso, são “o princípio geral da recandidatura dos actuais presidentes de câmara e de juntas de freguesia” e a regra de que “compete às comissões políticas concelhias desencadear e assegurar o cumprimento do processo de designação dos candidatos”. Além destes critérios, apenas constam mais duas “recomendações”: a promoção da “participação das jovens gerações”; e de “listas tendencialmente paritárias”.

Segundo Ana Catarina Mendes, “na avaliação das candidaturas, houve cinco casos em que as estruturas locais decidiram recandidatar antigos presidentes de câmara, porque consideram ser as melhores soluções”. Os Estatutos do PS, frisa a secretária-geral adjunta, dizem que “as estruturas concelhias têm autonomia para decidir em conjunto com as federações distritais”. O que aconteceu, conclui, é que “as estruturas locais consideraram que estes eram os melhores candidatos e têm autonomia para isso”.

É assim que o deputado à Assembleia da República Joaquim Raposo acaba designado como cabeça de lista em Oeiras, depois de ter presidido à Amadora entre 1997 e 2013 e ocupado no último mandato a presidência da assembleia municipal. António Eusébio, também deputado e antigo presidente em São Brás de Alportel, entre 2001 e 2003, candidata-se a Faro, onde chefia a federação distrital do PS.

De volta à disputa da Câmara da Golegã, a que já presidiu entre 1997 e 2013, surge José Veiga Maltez. António Murta regressa em Vila Real de Santo António, que governou entre 1985 e 1993 e depois entre 1997 e 2005. João Noronha volta a candidatar-se em Ribeira de Pena, onde presidia agora à assembleia municipal, depois de ter liderado a câmara entre 1997 e 2001.

Outros “dinossauros”

O PSD também aposta em antigos presidentes de câmara, que foram “dinossauros” do poder local — são 11, mais do que o dobro dos do PS. O BE tem apenas uma candidatura do género, a da única presidente de câmara que elegeu até hoje. Há ainda dez “dinossauros” que se apresentam como independentes.

Em Caminha, Ansião, Pedrógão Grande, Miranda do Douro, Almodôvar, Montemor--o-Velho, Entroncamento e Anadia o PSD volta a candidatar, respectivamente, Júlia Paula Costa, Fernando Marques, João Marques, Manuel Rodrigo Martins, António Sebastião, Luís Leal, Jaime Ramos e Litério Marques.

Também há candidatos do PSD que mudam de concelho. Em Leiria, concorre Fernando Costa, antigo presidente das Caldas da Rainha durante 27 anos e vereador em Loures no último mandato. Para Odivelas, avança Fernando Seara, que já foi vereador em Lisboa e presidente da Câmara de Sintra. Já em Coimbra uma coligação PSD, CDS, PPM e MPT apoia Jaime Ramos, que foi governador civil do distrito e autarca em Miranda do Corvo de 1979 a 1990.

O BE avança com Ana Cristina Ribeiro, em Salvaterra de Magos, que tinha saído em 2013 por limitação de mandatos.

Regressam ainda como independentes Isaltino Morais, em Oeiras (ex-PSD), Valentim Loureiro, em Gondomar (ex-PSD), Carlos Pinto, na Covilhã (ex-PSD), João Cepa, em Esposende (ex-PSD), Narciso Mota, em Pombal (ex-PSD), Carlos Pereira, em Santana (ex-PSD), Narciso Miranda, em Matosinhos (ex-PS), Rondão de Almeida, em Elvas (ex-PS), Amândio Melo, em Belmonte (ex-PS) e Domingos Torrão, em Penamacor (ex-PS).

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