Tarek William Saab, o novo procurador de Maduro

Filho de imigrantes libaneses, o substituto de Luisa Ortega Diaz, esteve ao lado de Chávez desde o início da revolução bolivariana.

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Marco Bello/Reuters

Revolucionário, advogado especializado em direitos humanos, chavista desde a primeira hora e poeta. Com a pressão a aumentar sobre os opositores de Nicolás Maduro, as atenções concentram-se em Tarek William Saab, o procurador-geral que a Assembleia Constituinte da Venezuela aprovou para substituir a agora dissidente Luisa Ortega Díaz.

Filho de imigrantes libaneses e militante da esquerda desde a adolescência, Saab conheceu Hugo Chávez em 1992, quando o então tenente-coronel cumpria prisão pela autoria de um golpe falhado. Esteve envolvido no pedido de indulto que levou à sua libertação dois anos mais tarde e nunca mais deixou de estar ao seu lado. Foi eleito para a Constituinte de 1999, convocada por Chávez logo depois de ter chegado à presidência, em 1999, e liderou o grupo que redigiu o capítulo de direitos humanos da Lei Fundamental que Maduro quer agora rever.

Em 2004 foi eleito governador de Anzoátegui, o seu estado natal e uma das zonas mais ricas em petróleo do país. Gaba-se de ter feito “mais de dez mil obras” em oito anos de mandato, mas os opositores falam num dos governos mais corruptos de então.

Em 2014, foi nomeado Defensor do Povo (provedor), cargo em que apesar da sua filiação política tentou mostrar-se neutral – criticou os chavistas que atacaram recentemente a Assembleia Nacional –, mas sem se opor à repressão das manifestações. Um dia depois da morte de mais um manifestante, em Abril, o seu filho mais velho divulgou um vídeo em que lhe pedia que agisse contra os responsáveis – “podia ter sido eu”, dizia –, mas Saab limitou-se a dizer que na sua família havia “liberdade de expressão”.

No discurso de tomada de posse, a 5 de Agosto, o novo procurador-geral disse que a Venezuela “é uma democracia que respeita os direitos humanos”, mas também que não pode ser desculpada a “violência de grupos que parecem actuar de maneira espontânea, mas que usam caçadeiras e bazucas”. Autor de 11 livros de poesia, mas também frequentador assíduo do ginásio, a oposição teme que Saab se torne o instrumento do regime para a missão de “impor a paz na Venezuela” na descrição de Jorge Rodríguez, um influente chavista citado pelo El País. À BBC, uma velha conhecida garantiu que “ele não é nenhum Robespierre”, o advogado e carrasco dos opositores da Revolução Francesa. 

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