Fogos que começam à noite não podem ter “mão bondosa”, diz secretário de Estado

Jorge Gomes afirmou que, "quando há vontade de que as coisas ardam", por "muito bem organizados e instalados" que os sistemas de protecção estejam, "por vezes não conseguem ter capacidade de resposta".

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Jorge Gomes (à direita na foto) foi questionado sobre as queixas de falta de meios feitas por autarcas e respondeu que "os recursos são finitos" LUSA/MÁRIO CRUZ

O secretário de Estado da Administração Interna afirmou na terça-feira que os fogos que começam à noite e em "lugares estratégicos e cirúrgicos" não podem ser de "mão bondosa", apontando situações de "criação de incêndios".

"Estou apenas a constatar o que está a acontecer: e não é às 22h30 que nasce um incêndio em Idanha e que podemos culpar o sol e nem são dois incêndios em Vila de Rei, [ocorridos terça-feira] depois de [o fogo] estar extinto e que aparecem em locais estratégicos e cirúrgicos, que são de mão bondosa", afirmou.

O governante falava ao final da noite de terça-feira, no Fundão, concelho onde desde domingo lavra um incêndio de grande dimensão, que tem dizimado a Serra da Gardunha e que começou na madrugada desse dia no Louriçal do Campo, no concelho de Castelo Branco.

Um sítio onde, segundo o secretário de Estado, já se tinham registado, anteriormente, 20 tentativas de incêndios, todas apagadas com sucesso, até que "conseguiram o pretendiam", referiu.

Sempre sem usar a palavra "incendiário", Jorge Gomes também considerou estranho o fogo que começou na noite de terça-feira em Idanha-a-Nova, exactamente quando se reunia com os responsáveis do teatro de operações no Fundão, ou ainda os dois incêndios registados na terça-feira em Vila de Rei e que não configuram situações de reacendimento.

Questionado sobre se tais conclusões vão levar a tutela a preparar legislação mais dura para o crime de fogo posto, o governante referiu que importa sensibilizar e chamar a atenção dos cidadãos para os próprios comportamentos e também para aquilo que chamou de "mão menos boa".

Por outro lado, referiu que os exemplos citados, todos no distrito de Castelo Branco, também demonstram que, "quando há vontade de que as coisas ardam", por "muito bem organizados e instalados" que os sistemas de protecção estejam, "por vezes não conseguem ter capacidade de resposta".

Confrontado com as queixas e apelos constantes do presidente da Câmara do Fundão, Paulo Fernandes, relativos à falta de meios e necessidade de um "reforço musculado", Jorge Gomes garantiu que a Protecção Civil está no terreno com a força máxima, mas também lembrou que "os recursos são finitos" e que, por isso, têm de ser geridos.

Enaltecendo o trabalho feito pelos operacionais, bem como pela autarquia local, apontou o comportamento deste fogo e as constantes mudanças de direcção como uma das causas para a intensidade que atingiu.

Adiantou ainda que este incêndio tinha cerca de 600 operacionais envolvidos no combate, já provocou 12 feridos, todos ligeiros e oito dos quais bombeiros, mas salientou que nenhuma situação inspira cuidado.

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