No Médio Oriente, Trump agradou a todos mas vai ter que tomar decisões

Presidente americano falou de paz mas foi sempre vago sobre o modo como a atingir.

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MASSIMO PERCOSSI/EPA

Uma visita cheia de símbolos mas sem nenhum plano – foi assim que a primeira viagem do Presidente norte-americano, Donald Trump, foi vista entre israelitas e palestinianos. Se a intenção é trabalhar para que haja negociações entre os dois lados, não parece haver uma ideia de como o fazer.

Depois de ter iniciado o seu primeiro périplo internacional enquanto Presidente pela Arábia Saudita, no domingo, seguiu-se Israel na segunda-feira e esta-terça-feira a Cisjordânia, onde Trump visitou Belém para se encontrar com o líder da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas.

“A paz é uma escolha que devemos fazer todos os dias, e os Estados Unidos estão aqui para tornar esse dia possível para as crianças judias, cristãs e muçulmanas nesta região”, declarou. “Neste espírito de esperança, viemos até Belém pedindo a Deus um mundo mais pacífico, seguro e tolerante.”

Já Abbas sublinhou que “o problema não é entre nós e o judaísmo – é entre nós e a ocupação”. Trump disse estar grato por Abbas ter prometido fazer o necessário para “lutar contra o terrorismo”, e que pela sua parte, “faria tudo” para ajudar israelitas e palestinianos a chegar à paz.

Nas suas declarações, Trump não fez promessas ou estabeleceu metas. Mas analistas viram uma linha clara no que foi dizendo: um desejo, ou esperança, de incluir os países árabes sunitas e que estes sejam uma ajuda nestas negociações. “Trump disse coisas vagas como 'amor' e 'paz', mas não apresentou nada de específico”, escreveu o correspondente do diário hebraico Ha’aretz Amir Tibon.

Mas, como sublinhava o correspondente da BBC Jeremy Bowen em Jerusalém, “estes já têm o seu plano há 15 anos, oferecendo paz e reconhecimento de Israel a troco da criação de um Estado palestiniano na totalidade da Cisjordânia e Faixa de Gaza com capital em Jerusalém Oriental”, algo que, argumenta, “o actual Governo israelita não está disposto a aceitar”.

Na viagem, o Presidente dos EUA conseguiu agradar aos dois lados. “Mas em breve Trump vai ter de tomar decisões”, escreveu ainda Tibon. “Como, na próxima semana, assinar ou não o documento tradicional que adia a transição da embaixada norte-americana para Jerusalém. E, quando o fizer, alguém vai ficar zangado e desapontado. Só não sabemos ainda quem”. 

Trump foi de seguida para Roma, onde o esperava um encontro com o Papa, e passará ainda por Bruxelas (para uma reunião da NATO), terminando a sua visita na sexta-feira na Sicília com um encontro dos membros do G7. 

 

 

 

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