Carlos Costa cede e já tem OK do Governo para nova administração

Governador enviou esta semana os novos nomes para a administração do Banco de Portugal sem o nome que o Governo vetou. Equipa será curta.

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Elisa Ferreira vai ser vice-governadora do Banco de Portugal Enric Vives-Rubio

O braço-de-ferro durou meses, mas acabou agora: Carlos Costa enviou esta semana uma carta ao primeiro-ministro com uma nova lista para o Conselho de Administração do Banco de Portugal, já sem o nome que o Governo travou no início do processo, há dois meses. Trata-se de Rui Carvalho, o director do departamento de mercados do banco central que Carlos Costa quis ter na sua equipa, mas que o Ministério das Finanças considerou desadequado - levando até o governador a retirar a proposta que tinha entregue ao Executivo.

Mais surpreendente é a saída dessa lista inicial de José Cadete de Matos, outro homem da estrutura do banco central, hoje director do Departamento de Estatística - mas que não terá sido recusado. Segundo confirmou o PÚBLICO, ficam apenas confirmadas duas promoções que eram "indiscutíveis" nas Finanças e em São Bento, daquela proposta inicial do governador: Elisa Ferreira (a ex-ministra e ex-eurodeputada que entrou no BdP há um ano) e Luís Máximo dos Santos vão ser os próximos vice-governadores, substituindo José Ramalho e Pedro Duarte Neves.

No topo do Banco de Portugal entram ainda Ana Paula Serra, professora na Faculdade de Economia do Porto, e o ex-presidente da Euronext Luís Laginha de Sousa, uma informação avançada pelo Expresso também confirmada pelo PÚBLICO.

Com isto, o banco central terá uma equipa curta, com apenas seis pessoas - com dois lugares a ficar por ocupar. A situação não é nova (Carlos Costa tem mantido uma administração mais pequena), mas não terá a intenção de a completar mais à frente (o mandato do governador, que tem sido muito contestado pelos partidos à esquerda, vai até 2020).

Os nomes agora aprovados pelo primeiro-ministro e por Mário Centeno ainda têm de passar por audições parlamentares antes de serem confirmados pelo Conselho de Ministros, uma novidade introduzida na lei em 2015, no final do mandato de Passos Coelho. Esta alteração legislativa resultou aliás de uma primeira proposta que António Costa fez mal chegou ao PS.

O longo braço de ferro é apenas um dos que o Governo tem mantido, com maior ou menos evidência pública, com o governador. Há duas semanas o PS até rejeitou no Parlamento uma proposta do BE de exoneração de Carlos Costa, mas o clima tem sido crispado.

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