Londres dá mais algumas semanas à Irlanda do Norte para resolver impasse

Unionistas e republicanos têm "janela curta" para entendimento, diz ministro britânico. As alternativas são eleições, as terceiras num ano, ou a suspensão do governo autónomo.

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A líder do Sinn Féinn, Michelle O'Neill e a líder do DUP, Arlene Foster, depois de assinar o livro de condolências de Martin McGuinness que morreu a semana passada em Belfast CLODAGH KILCOYNE/Reuters

O Governo britânico deu aos partidos da Irlanda do Norte mais algumas semanas para que estes tentem um acordo de partilha de poder após ter expirado o prazo para um acordo esta segunda-feira à tarde, tentando evitar novas eleições antecipadas ou uma suspensão das instituições autónomas, que levaria a que Londres tivesse de assumir a governação.

O anúncio foi feito pelo ministro britânico para a Irlanda do Norte, James Brokenshire, que não explicou exactamente quanto tempo haveria para este entendimento. “É uma janela de oportunidade muito curta”, alertou.

Se Brokenshire decidisse convocar eleições, estas seriam as terceiras num espaço de 12 meses. Se decidisse que o Parlamento em Westminster ficaria responsável pela Irlanda do Norte, seria arriscar uma situação ainda mais complicada: a última vez que o governo autónomo, parte fundamental dos acordos de paz de 1998, foi suspenso (em 2002), a Irlanda do Norte só teve de novo um executivo autónomo cinco anos depois.

O impasse na Irlanda do Norte é mais um problema para Londres na semana em que o Governo de Theresa May se prepara para accionar o artigo 50 que dará início do processo de saída do Reino Unido da União Europeia.  

A crise foi provocada pela saída do governo do partido republicano Sinn Féin – e de Martin McGuinness, então vice-primeiro-ministro e que entretanto morreu – da coligação em que partilhava o poder com o Partido Democrático Unionista (DUP).

A razão foi um escândalo de um esquema de energia chamado Incentivo para o Aquecimento Renovável, de 2012, levado a cabo por Arlene Foster, então ministra responsável pela pasta e que era a chefe do governo na altura da demissão de McGuinness. Foster recusou demitir-se enquanto decorria uma investigação ao controlo do esquema, que gerou custos estimados de mais de 500 milhões de libras (575 milhões de euros) aos contribuintes.

DUP e Sinn Féin culpam-se mutuamente pelo falhanço das conversações para um novo executivo. Brokenshire diz que as diferenças entre os dois têm agora a ver com questões “culturais” e de identidade” – provavelmente terão a ver com o reconhecimento do irlandês como língua oficial, a que o DUP resiste.

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