Os Storytailors trocaram a passerelle pela loja, no primeiro dia do Portugal Fashion

O 40.º Portugal Fashion começou em Lisboa, na quarta-feira, com o desfile de quatro estilistas. A dupla composta por João Branco e Luís Sanchez optou por mostrar de perto a sua colecção no lugar onde ela já está à venda.

No arranque da 40.ª edição do Portugal Fashion, os Storytailors trocaram a passerelle pela loja. A dupla composta por João Branco e Luís Sanchez optou por mostrar de perto a nova colecção – aquela que está agora à venda e não, como é mais usual, a da próxima estação – no seu espaço lisboeta. Os seis manequins não desfilaram: circularam pela loja durante toda a tarde de quarta-feira (trocando de roupa de meia em meia hora) com as peças que foram colocadas imediatamente à venda.

O conceito – see now, buy now – já é conhecido e tem sido experimentado no estrangeiro, por marcas como a Tommy Hilfiger e a Burberry, que começam a questionar toda a lógica do calendário de apresentações semestrais da indústria da moda.

“A nossa vontade era aproximarmo-nos do cliente final e desconstruir a ideia da inacessibilidade dos criadores. É uma conversa que já é recorrente de há dois anos para cá – fazer apresentações num formato diferente”, explica João Branco ao PÚBLICO. Até porque, continua, “nos desfiles não há uma percepção dos materiais, dos acabamentos, das peças, da sua versatilidade”.

A marca irá à partida apresentar num evento mais privado, em Maio, a colecção de Outono/Inverno 2017/2018. Ainda não está definido como serão as apresentações futuras – depende “do resultado desta acção” –, mas há já algumas ideias pensadas, como, por exemplo, um desfile híbrido. “Desconstruir os formatos convencionais das apresentações também faz parte de compreender o sistema e de perceber para onde ele pode evoluir”, conclui João Branco.

A nova colecção, Chapter II – Black Hills, é uma continuação da anterior – inspirada no Monte das Pretas, uma propriedade de João Branco no Alentejo, perto de Odemira. “É onde passamos tempo de descanso e de férias e onde nos isolamos quando queremos trabalhar mais profundamente nas colecções, sem estarmos neste rebuliço da vida na cidade”, revela Luís Sanchez. Os quatro padrões que dominam a colecção foram desenvolvidos a partir das texturas das cascas das árvores e de outros elementos da natureza.

Do lado da Cordoaria Nacional, o Portugal Fashion continuou, no formato convencional, com as apresentações de quatro outros criadores. Pedro Pedro e Alexandra Moura, a abrir a passerelle, mostram as colecções que já tinham levado a Milão e a Londres, respectivamente.

A parceria com a marca de sapatos de borracha DOM foi o ponto de partida para a nova colecção de Pedro Pedro, relacionada com o mar. “Com o meu trabalho sou um bocadinho instintivo”, conta o designer. Assim, desta parceria nasceu uma linha que inclui casacos de borracha e materiais técnicos, resistentes à água.

Se a última colecção de Alexandra Moura tinha ido buscar referências à época vitoriana, desta vez a criadora fez o público viajar três séculos até à colonização portuguesa de Timor-Leste, com têxteis e padrões timorenses e indonésios. O objectivo, conta a estilista, foi “trazer esta fusão para o dia de hoje, para a desconstrução e para o romantismo”. Algo que, acrescenta, já é comum nas suas colecções.

A outra dupla do dia – a de Alves/Gonçalves – mostrou uma colecção ecléctica, onde a ganga se misturava com pêlo e com outros tecidos. Teresa Martins, designer da TM Collection, encerrou o dia de apresentações em Lisboa com uma “variedade de peças de malha suaves e coloridas, confortáveis e quentes”.

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