Ainda bem para a Sonae que a Caixa não aprovou a OPA à PT?

Armando Vara argumenta que chumbo do negócio pela CGD fez com que a Sonae não passasse pela crise das dívidas soberanas com uma dívida de 11 mil milhões de euros.

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Armando Vara foi administrador da Caixa Geral de Depósitos LUSA/MIGUEL A. LOPES

Para Vara, “se calhar, até foi uma decisão sensata”, a Caixa ter chumbado a OPA da Sonae à PT. E porquê? O ex-administrador do banco público, que está a ser ouvido nesta quarta-feira na comissão de inquérito parlamentar à gestão da Caixa Geral de Depósitos, diz que a decisão de não aceitar a oferta da Sonae (proprietária do PÚBLICO) foi de todo o conselho de administração e que teve em conta o valor oferecido pela empresa, uma vez que o valor da própria PT era superior. “Não correspondia aos interesses da PT”, disse Vara.

Ora, tendo em conta o que aconteceu a seguir – crise das dívidas soberanas – Vara até admitiu que foi o melhor para o grupo empresarial, uma vez que ficaria com uma dívida de mais 11 mil milhões de euros.

Mais tarde explicou que os accionistas consideraram que “o valor das acções que ficavam da PT Multimédia, mais dividendos e mais as acções da PT era maior [do que o oferecido pela Sonae]. Mas repito-lhe: o que foi essencial na recomendação de não aprovar a OPA foi de não ter atingido o valor que as consultoras consideravam razoável para não votar contra. Não atingiram o valor que se considerava razoável por aquele activo”, repetiu.

Em causa está a OPA falhada da Sonae à PT, em 2006, por causa do veto da CGD. Este assunto ganhou nova vida esta semana depois de Paulo Azevedo, referir na semana passada, na apresentação dos resultados do grupo, que apesar das garantias de que havia concorrência, "o jogo estava distorcido". Paulo Azevedo afirmou: "[Independentemente de haver dinheiro ou não,] estavam todos feitos e isso fez-nos a vida difícil, durante muito tempo, de forma muito injusta."

Depois disso, José Sócrates escreveu um artigo de opinião no Diário de Notícias sobre o caso dizendo tratar-se de uma "maldosa insinuação" a afirmação feita pelo empresário. "O Governo da altura assumiu uma posição de estrita imparcialidade nem contra nem a favor da OPA", defendeu.

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