Até às próximas presidenciais, são quatro anos extenuantes

A situação política em 2020 irá determinar se Marcelo se recandidata. Mas se o fizer, não mudará nada o seu estilo.

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A proximidade é uma palavra-chave do mandato de Marcelo LUSA/ANTÓNIO PEDRO SANTOS
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Marcelo no Porto NFACTOS / Pedro Granadeiro

Marcelo Rebelo de Sousa tem mesmo dúvidas sobre a sua recandidatura em 2021. “Este tipo de Presidência é muito extenuante e só pode ser feita assim, não dá para ser de outra maneira. Mesmo que seja extenuante. É o preço inevitável da proximidade. Uma proximidade que, a ser recandidato e reeleito, nunca iria mudar. Mas é cedo para falar nisso, a quatro anos do fim do mandato. Só em Setembro de 2020, olhando para a situação existente, nomeadamente a situação política nacional, decidirei em função de haver um dever de consciência de avançar, como existiu em Outubro de 2015”, diz.

Se houver uma maioria estável, seja com esta solução governativa estabilizada de forma duradoura ou com uma maioria absoluta de direita, tenderá a não se recandidatar. Mas se das legislativas sair uma situação muito indefinida, é mais difícil dizer que se vai embora.

Até lá, quer mesmo correr o país todo e as principais comunidades de portugueses no estrangeiro, fazendo jus ao lema da proximidade e à ideia de que Portugal é muito maior do que as fronteiras físicas. E no seu estilo de se perder com as pessoas, cumprimentos, beijinhos e selfies, mais uma intervenção aqui outra acolá, tudo demora mais tempo do que outros estilos presidenciais. No final, terá a recandidatura mais que garantida.

Mas o Presidente leva em conta os actos eleitorais na definição da sua agenda. Em períodos de pré-campanha de campanha, resguarda-se dentro de portas e aproveita para viajar. Este ano, daqui a um mês, mês e meio, tem de parar por causa das eleições autárquicas. Por isso vai andar pelo estrangeiro. 2018 será um ano privilegiado, porque não há nenhum acto eleitoral, mas em 2019 há duas eleições – europeias na Primavera e legislativas no Outono -, retirando margem de manobra ao Presidente para as suas incursões pelo país. Logo após as eleições volta à estrada, porque a sua intenção é correr o país todo até ao Verão de 2020, meses antes das presidenciais de Janeiro de 2021, porque depois não tem tempo de voltar segunda vez. 

Regressando a 2017, a previsão é que será um ano com muita tensão política, devido em grande parte às autárquicas. Até à Páscoa e à vinda do Papa, continuará a haver muita tensão entre os políticos, depois diminuirá um pouco. Entretanto, o Presidente vai andar por fora – em Maio, Itália, Moçambique e Alemanha, em Junho as nove ilhas do arquipélago dos Açores, e o 10 de Junho repartido entre Lisboa e o Brasil – e a seguir entra o Verão, a campanha eleitoral e as autárquicas.

Depois, a centralidade do debate político será muito marcada pela reflexão em cada um dos partidos: todos, à excepção do PCP, têm congressos até ao Verão de 2018. A partir daí entra-se na discussão do Orçamento do Estado para 2019 e começa a preparação das legislativas desse ano.

As antecipações, porém, vão para além desta fronteira eleitoral. Marcelo já pensa que em 2021 há novas eleições autárquicas e que, nesse novo mandato – as presidenciais são em Janeiro -, só há um ano sem outro acto eleitoral, que é 2022. Ou seja, será previsivelmente um mandato mais calmo. Só que o futuro é muito pouco previsível…

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