Hoteleiros admitem preços "bizarros" em Fátima, mas dizem ser excepções

Responsáveis do sector criticam preços exorbitantes.

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NELSON GARRIDO

Responsáveis hoteleiros e de associações do sector consideram que os preços exorbitantes pedidos para a visita do Papa em quatro unidades turísticas de Fátima são um fenómeno residual e absurdo, que não representa a hotelaria da cidade.

Em declarações à agência Lusa, Alexandre Marto Pereira, empresário de hotelaria e vice-presidente da Associação Empresarial Ourém-Fátima (ACISO) argumenta que a oferta de quartos duplos em dois hotéis de quatro estrelas da cidade, com preços que chegam aos 2500 euros, e alojamentos locais com valores que atingem 6000 euros, é "um tipo de oferta extremamente residual e marginal".

"Se os hotéis de Fátima, que são mais de 70, na sua imensa maioria, tentassem fazer negócios com preços extremamente elevados, teriam de estar todo o ano com esses preços. E, se assim fosse, hoje não haveria um, dois ou três hotéis com vagas, mas sim 70 ou 80 e não há, todos os hotéis venderam a capacidade que tinham [para a peregrinação do 13 de Maio] por preços razoáveis e em operações normais", argumentou Alexandre Marto Pereira.

"Exactamente porque [os quartos] não se vendem a dois ou três mil euros é que estes hotéis continuam com capacidade [de alojamento, que está praticamente esgotada em Fátima para a visita do Papa]. Estão a vender a preços que são, de facto, fora do comum e ao fazê-lo, são os únicos que ainda têm disponibilidade", adiantou o responsável da ACISO.

Alexandre Marto Pereira disse ainda desconhecer a oferta, numa unidade de alojamento local, de quartos duplos económicos que propõem que os hóspedes fiquem em sacos-cama e paguem 992 euros por uma noite, camas por 500 ou 600 euros em dormitórios e um apartamento para dez pessoas por 6000 euros: "Isso é uma coisa absurda, com preços absurdos", alegou.
Sustenta, no entanto, que possam existir situação "bizarras", mas que estas não constituem "uma amostra relevante" da oferta turística de Fátima.

"É como se alguém decidir ir para a rua vender copos de água aos peregrinos. Isso não quer dizer que os restaurantes e cafés de Fátima vão passar a vender copos de água. Mas há situações que vão ser notícia por serem estranhas", admitiu.

Jorge Loureiro, vice-presidente da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) e membro da comissão executiva do Turismo Centro de Portugal, concorda com Alexandre Marto Pereira sobre o fenómeno "residual" da oferta de alojamento a preços elevados e reforça que a noite de 12 para 13 de Maio "está esgotada há muito na imensa maioria" das unidades hoteleiras de Fátima.

"Há um caso ou outro, tive conhecimento de dois quartos [de hotel] que foram lançados a um preço exorbitante e quem o fez teve sucesso. Mas, no geral, a norma é a contenção de preços", afirmou.

Hoteleiro no distrito de Viseu e, também por isso, conhecedor do sector, Jorge Loureiro não deixa de admitir que possam existir "loucuras", nomeadamente em unidades "que se limitam a disponibilizar quartos, não são estabelecimentos hoteleiros e não prestam um serviço enquanto tal".

"É quase como aqueles que veem uma oportunidade de negócio, alugam a casa onde moram e vão dormir para a soleira da porta", sustentou.

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